Hoje é o “Dia da Consciência Negra”

Hoje é o dia que se comemora, em todo o Brasil, o Dia da Consciência Negra. A data lembra os 308 anos da morte de Zumbi dos Palmares, antigo comandante militar do Quilombo dos Palmares, localizado onde hoje é o Estado de Alagoas. Zumbi, morto aos 40 anos de idade em uma emboscada, é visto hoje como o maior líder anti-escravista nas Américas.

O Fórum de Entidades Negras do Paraná (Fenp), reativado em dezembro do ano passado, está promovendo a Semana Afro-Brasileira no estado, que teve início na última segunda-feira. Hoje e amanhã, apresentações de dança, música e teatro devem ser realizadas no Teatro Guaíra, em Curitiba. A entrada custa R$ 5,00 mais um quilo de alimento, que será doado ao programa Fome Zero.

“A aspiração do Fórum e de outras entidades de cultura negra é que este dia seja feriado nacional”, defende a integrante do Fórum e militante da Associação Cultural de Negritude e Ação Popular (Acnap) Lúcia Santos. “Alguns municípios brasileiros já aderiram à idéia e nossa intenção é trabalhar para que ela seja aceita por todos.”

Segundo a Síntese de Indicadores Sociais 2000, do IBGE e o Dieese, 5,4% da população brasileira é negra e 39,9% é parda. Apesar disso, os negros continuam a pertencer à população de menor poder aquisitivo e a ter dificuldades de chegar à universidade e ocupar cargos importantes. Poucos ganham mais do que três salários mínimos. “O negro continua a sofrer com a discriminação e o preconceito”, diz Lúcia.

A militante, que conta já ter sido impedida de entrar em um edifício por ser negra, defende cotas para negros em concursos públicos e universidades, e ainda diz que os negros devem ganhar mais espaço em telenovelas e telejornais e ter a oportunidade de concorrer de igual para igual com os brancos no mercado de trabalho. “A Semana Afro-Brasileira no Paraná é de luta por uma política de inclusão social para o negro brasileiro e ao mesmo tempo de comemorações das vitórias que já obtivemos”, declara.

O líder Zumbi dos Palmares

(Alagoas, 1655 – Palmares, 1695) – Último líder da revolta do chamado Quilombo dos Palmares, formado entre 1604 e 1694, Zumbi era sobrinho de Ganga Zumba (“grande senhor”), o rei do quilombo que chefiava outros 12 mocambos ? acampamentos de escravos, índios e fugitivos brancos que se refugiavam da perseguição portuguesa ?, na serra da Barriga, se estendendo de Alagoas a Pernambuco. Palmares chegou a reunir 20 mil pessoas em cerca de 6 mil casas, tendo começado com a fuga de 40 escravos dos engenhos de açúcar de Pernambuco. Em 1678, Zumba aceita acordo com o governador de Pernambuco, Aires de Souza e Castro, que prometia a libertação dos negros nascidos em Palmares e o livre comércio, em troca da rendição dos demais e o fim das fugas. Zumbi, entretanto, teria renegado o acordo e destituído Zumba do comando. Passa então a liderar a resistência contra os portugueses. Palmares, que ao longo de sua história suportara cerca de 25 ataques, desde os holandeses, em 1644 e 1645, finalmente cai após a segunda investida do coronel Domingos Jorge Velho (1614-1703), bandeirante paulista, em 6 de fevereiro de 1694. Embora Zumbi tenha conseguido fugir, foi morto por André Furtado Mendonça em 20 de novembro de 1695, no seu esconderijo, denunciado por Antônio Soares, seu homem de confiança. Zumbi teve a cabeça decapitada e exposta na praça central de Recife, para inibir novas tentativas de revolta contra a escravidão. A data de sua morte é lembrada como Dia Nacional da Consciência Negra.

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