Grupo desocupa área do Iapar

A Secretaria de Estado da Segurança Pública promoveu na manhã de ontem mais uma desocupação pacífica no Paraná. A ação na estação experimental do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) em Xambrê, cerca de 30 km de Umuarama, no Noroeste do Estado, foi a nona desocupação feita sem uso da força em 2003. Cerca de trinta sem-terra, que ocuparam a propriedade do governo estadual, por volta das 19h do último sábado, deixaram a área de 90 hectares após uma negociação tranqüila com a PM.

De acordo com o coronel Antônio Amauri Ferreira de Lima, do Comando de Policiamento do Interior, dez homens da PM estiveram no local no domingo conversando com os sem-terra. “Foi dado um prazo até às 9h desta segunda-feira para que eles deixassem a propriedade. Hoje (ontem), retornamos com setenta homens ao local e por meio da negociação, eles concordaram em retornar para outros acampamentos da região”, descreveu Amauri. A operação foi comandada pelo tenente-coronel Joel Pinheiro, do 7.º Batalhão da PM, de Cruzeiro do Oeste. Segundo ele, cinco policiais com duas viaturas permanecem no local para evitar novas invasões no Iapar.

Esta foi a segunda vez que a sede do Iapar em Xambrê é alvo de uma ocupação de trabalhadores rurais. Em 19 de abril passado, cerca de trinta famílias haviam ocupado a estação. Cinco dias depois, após negociação liderada pela Secretaria da Segurança Pública, os agricultores deixaram pacificamente a área.

Os sem-terra que ocuparam a Fazenda do Iapar são conhecidos como Grupo de Xambrê, não tendo vínculos com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

Ato pede cumprimento de reintegrações

Cerca de mil pessoas participaram ontem de uma manifestação nas ruas de Cascavel, a 520 quilômetros de Curitiba, no oeste do Paraná, pedindo o cumprimento de ordens de reintegração de posse de terras invadidas e o fim do conflito agrário na região. Comerciantes fecharam as portas das lojas por cerca de 15 minutos, durante a passagem de uma carreata. O governo do Estado tem afirmado que cumprirá os mandados, mas prefere fazê-lo de forma negociada e pacífica.

A manifestação, chamada de Parada pela Paz no Campo, foi convocada por entidades ruralistas, como a sociedade e o sindicato rural, e contou com a adesão de outras 13 instituições entre elas a Associação Comercial e Industrial (Acic) e a seccional da Ordem dos Advogados do Brasil. “O que queremos é que se respeitem as leis”, disse o vice-presidente da Acic, Guido Bresolin Júnior. “Do contrário pode virar baderna.” Segundo Bresolin,a manifestação do líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), João Pedro Stédile, incitando à violência é inaceitável.”Perde-se a noção do estado de direito e aí vira anarquia.” Ele disse que cerca de 90% dos lojistas aderiram ao protesto.

O presidente da Sociedade Rural do Oeste, Valdir Lazarini, disse que o único objetivo é a legalidade. Segundo ele a região oeste tem 12 fazendas invadidas por integrantes do MST das quais oito têm reintegração de posse decretada, algumas desde 1989. “Nós só queremos o cumprimento da lei”, acentuou. Lazarini disse que em setembro começa o plantio de milho, mas muitos produtores estão temerosos de fazer investimentos em tecnologia e depois ver tudo se perder a partir de uma invasão da propriedade. (AE)

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