Greve do Ibama leva a perdas de até US$ 200 mi

A greve dos servidores do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) prossegue e, para desespero dos exportadores, os prejuízos podem chegar aos US$ 200 milhões. Em 17 dias de greve, as empresas que exportam o material só conseguem embarcar as cargas com a apresentação de uma liminar da Justiça que garanta a vistoria dos fiscais do instituto. O produto só é liberado após essa verificação, que permite a entrega da Autorização de Transporte de Produto Florestal (ATPF).

A média diária de exportação de produtos florestais, segundo o Ibama, era de 60 mil metros cúbicos, com a expedição de aproximadamente 100 ATPFs para as empresas. Se esse volume fosse mantido até ontem, o porto já teria exportado 1,020 milhão de metros cúbicos do material. A US$ 200 cada metro cúbico, os valores teriam chegado aos US$ 204 milhões, em exportação desses produtos.

No entanto, até o décimo-quinto dia de paralisação, na quarta-feira, de acordo com o escritório em Paranaguá, apenas 46 mil metros cúbicos tinham sido embarcados. Isso representa apenas cerca de 3 mil metros cúbicos exportados, por dia desde o início da greve, indicando uma perda de aproximadamente US$ 11 milhões diários. Em quinze dias, isso representa um prejuízo de US$ 165 milhões.

O superintendente executivo da Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci), Jeziel de Oliveira, informou ontem que os valores totais do prejuízo ainda não foram contabilizados pelas 150 empresas associadas. No entanto, ele acredita que no mínimo US$ 5 milhões diários foram perdidos, com a paralisação dos servidores. Em 17 dias de greve, os valores já somam US$ 85 milhões.

As empresas que não fazem parte da Abimci também entraram na Justiça para conseguir a liminar. “Conseguimos a determinação judicial, mas mesmo assim os trabalhos estão demorados. Precisamos de rapidez para que as empresas não sejam mais prejudicadas. Não mudou nada com a liminar”, disse.

Ibama

O chefe do escritório do Ibama em Paranaguá, Lício Domit, informou que as liminares estão aumentando a cada dia, fazendo com que as mercadorias embarquem em maior quantidade. Mais dois profissionais vão estar atendendo as liminares no porto, ajudando na liberação das cargas.

O superintendente do Ibama no Paraná, Marino Gonçalves, afirmou que a greve dos servidores só afetou o Porto de Paranaguá. Os demais escritórios estaduais permanecem paralisados, mas não apresentaram problemas com relação à fiscalização. Segundo ele, uma força-tarefa está sendo estruturada, para que o serviço no litoral possa ocorrer com mais eficiência.

Ontem, o Conselho Gestor do Ibama encaminhou um comunicado ao comando nacional de greve, reforçando sua posição e mantendo a proposta inicial apresentada para a categoria. A gratificação seguiria o calendário de 15% de reajuste sobre o salário-base em janeiro de 2005, 30% em agosto de 2005 e 35% em janeiro de 2006. A contraproposta da categoria, de adiantar esse calendário, não foi atendida. “O governo está estudando medidas para evitar que os prejuízos, com a falta de fiscalização, aumentem. Se até segunda-feira os servidores não retornarem, algo de mais concreto deve ser feito”, adiantou.

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