Egípcio foi treinado no Afeganistão

Transferido para Brasília o egípcio preso no Paraná

A Polícia Federal transferiu ontem para Brasília, o egípcio Mohamed Soliman, 35 anos, preso anteontem em Foz do Iguaçu , acusado de envolvimento com atos terroristas em seu país. Soliman deverá ficar na sede da Polícia Federal em Brasília. Ele foi conduzido para o Distrito Federal num monomotor da PF, escoltado por vários policiais. Ele chegou em Brasília à tarde. Ao deixar Foz do Iguaçu, o egípcio, casado com uma brasileira, não deu declaração à imprensa.

Foz do Iguaçu – Segundo o advogado Fernando César Resta Antunes, Soliman deve aguardar o julgamento de um pedido de refúgio, que foi encaminhado ao Ministério da Justiça no final do ano passado. Além desse procedimento judicial, seu advogado também tentará evitar que Mohamed Soliman seja extraditado, alegando que, além de residir no Brasil há oito anos, ele tem família brasileira, com mulher e uma filha de dois anos. Os documentos provando essa condição serão anexados ao pedido.

O delegado Joaquim Mesquita, chefe da Polícia Federal em Foz do Iguaçu, afirmou que Mohamed Soliman vem sendo investigado pela Polícia Federal desde 2000, por isso o seu caso não está relacionado com os reflexos dos atentados terroristas nos Estados Unidos. A polícia brasileira tinha suspeita do envolvimento de Soliman com organizações terroristas, no entanto jamais o prendeu por falta de provas.

Além dessa investigação, o egípcio também foi investigado por contrabando de mercadorias, em 1999. A prisão de anteontem foi respaldada por pedido expedido pelo Supremo Tribunal Federal no início do mês, que por sua vez atendia pedido de extradição feito pelo governo do Egito.

Pedido de fevereiro

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Carlos Velloso, recebeu ontem um ofício do chefe do departamento de Polícia Federal em Foz do Iguaçu (PR) comunicando o cumprimento do Mandado de Prisão do cidadão egípcio Mohamed Ali Aboul-Ezz Al-Mahdi Ibrahim Soliman, acusado de terrorismo. A determinação do ministro foi cumprida por volta das 13h da última segunda-feira. Velloso é o relator do processo de Extradição (EXT 836) requerido pelo governo do Egito.

O pedido formal de Extradição do egipício Soliman foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal pelo Ministério da Justiça em fevereiro deste ano. Em anexo ao Pedido de Prisão para fins de Extradição (PPE) vieram documentos assinados pelo procurador-geral da República do Egito descrevendo os crimes pelos quais o extraditando (Soliman) está sendo acusado. Segundo a denúncia, ele participa de organização terrorista internacional que realiza ações em território egípcio.

Testemunhas teriam dito que os integrantes do grupo são treinados fora do Egito, em campos no Afeganistão, tais como Al-Farouq Abdul-Mannan, Al-Qadisiyya e Abu-Bakr, onde aprendem a usar armas de fogo, preparar explosivos, fazer arranjos de segurança, coletar informações e identificar alvos e dirigir operações terroristas. Para manter segredo sobre a organização, eles usam documentos falsos, como passaportes e carteiras de identidades.

Além de estar incluído na organização terrorista, Soliman teria violado vários artigos do Código Penal do Egito, ao participar de homicídios e posse ilegal de armas, munições e explosivos.

Para que o processo de Extradição tenha andamento, o extraditando deve estar preso e à disposição do STF, daí a ordem do ministro Carlos Velloso. O Tribunal julgará o caso de acordo com o Estatuto do Estrangeiro (Lei 6.815/ 80, artigos 76 a 94) e o Regimento Interno do Supremo Tribunal Federal (artigos 207 a 214). (AE e agências)

 

Voltar ao topo