Dia do Rio chama atenção à devastação ambiental

Instituído com o objetivo de chamar a atenção da sociedade para a necessidade de preservação, o dia 24 de novembro tornou-se o Dia do Rio. A iniciativa que começou com alguns municípios da Região Metropolitana de Curitiba, virou lei no Estado em 1995, e hoje tramita no governo federal para virar uma data nacional. A comemoração do Dia do Rio é um movimento para salvar e dar uso racional e responsável aos mananciais, pois segundo a Organização das Nações Unidas, em 2025, quando o planeta terá 8 bilhões de habitantes, cerca de 2,8 bilhões de pessoas viverão em áreas de seca crônica.

Várias iniciativas foram desenvolvidas ontem para marcar o dia. A secretaria estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, em parceria com outras instituições, lançou um programa de recuperação da mata ciliar, que prevê o plantio de 60 milhões de mudas de árvores em 200 mil quilômetros de rios. A intenção do governo é reflorestar 1,3 milhão de hectares, e obter como resultado a estabilidade da temperatura das águas e controle da erosão e pragas agrícolas.

Nas margens da barragem do Rio Cayuguava, em Piraquara, moradores do entorno e estudantes participaram de um culto ecumênico para comemorar o Dia do Rio. A celebração aconteceu dentro da área do Centro de Educação Ambiental Mananciais da Serra, um espaço da Sanepar que é destinado ao desenvolvimento de atividades educativas, com enfoque principal aos recursos hídricos e ao saneamento ambiental. A coordenadora do Centro, Márcia Mayer de Lima, comenta que a iniciativa partiu da comunidade local, mas tem o apoio da instituição, “pois qualquer mobilização onde possamos estar envolvendo a conscientização é importante”.

Números

De acordo com Márcia Lima, três quartos do planeta é formado por água, sendo que o Brasil concentra cerca de 12% a 15% da água potável disponível no mundo. Dados do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, apontam que atualmente 1,2 bilhão de pessoas não tem acesso a água potável para uso doméstico, e 1,4 bilhão não dispõe de condições para descarga sanitária e esgoto. Isso acarreta em outros números preocupantes, que indicam que 80% das doenças e 30% das mortes são causados por água contaminada.

Tirados 200 sacos de lixo das margens de barragem

Mais de duzentos sacos de sessenta quilos de lixo foram recolhidos das margens da barragem de Cayuguava, em Piraquara, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). A ação foi desenvolvida durante todo o sábado por um grupo de voluntários, orientado por técnicos do Centro de Educação Ambiental Mananciais da Serra (Ceam) da Sanepar com apoio do Corpo de Bombeiros.

Todo o material, a maioria plástico, vidro e alumínio, foi recolhido no Ceam e destinado para reciclagem. Porém parte do material que não tem condições de ser aproveitado, ainda está no local e irá receber o destino adequado.

Esse foi o segundo mutirão de limpeza promovido pelo Ceam neste ano. A coordenadora do local, Márcia Mayer de Lima, disse que a intenção é fazer com que esse tipo de trabalho seja permanente, não apenas para a retirada do lixo, mas para a conscientização dos pescadores e pessoas que freqüentam a região.

Programa Agrinho premia estudantes e professores

Os secretários de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Luiz Eduardo Cheida e da Agricultura e Abastecimento, Orlando Pessuti, participaram na manhã de ontem da festa de premiação de alunos e professores que desenvolveram atividades do programa Agrinho, do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) no Paraná. São turmas do ensino fundamental, educação infantil e ensino especial que, através do programa, tiveram acesso a palestras e material didático nos quais foram discutidas questões relacionadas ao ambiente, saúde, cidadania, trabalho e consumo.

Foram premiados 144 alunos e 221 professores nas categorias de redação, desenho, experiências pedagógicas e trabalho conjunto dos municípios.

Para Cheida, a Faep está desenvolvendo um trabalho em sintonia com o governo do Estado, já que o tema de maior repercussão foi o consumo e a geração de resíduos sólidos. “O governo lançou no último dia 11 de novembro o programa Desperdício Zero, que vai acabar com os lixões do Estado e questionar o consumo da população reduzindo o tamanho e o volume do lixo em 30%”, declarou Cheida, acrescentando que o Paraná tem a matéria-prima absoluta e necessária para preservação do ambiente. “Os professores e alunos são fundamentais para este trabalho.”

O Programa Agrinho alcançou neste ano os 399 municípios paranaenses, com o envolvimento de 1,7 milhão de estudantes e professores. De acordo com Pessuti, a difusão da importância da preservação, manutenção e conservação do solo, da água e da terra ajuda a maximizar a produção. Ele lembrou que além dos alunos e professores, milhares de pessoas próximas a eles também foram atingidas e que este trabalho é a soma do esforço de vários setores da sociedade.

Estiveram presentes à solenidade o secretário-chefe da Casa Civil, Caíto Quintana, da Justiça e Cidadania, Aldo Parzianello, o presidente da Itaipu Binacional, Jorge Sameck, o presidente do IAP, Rasca Rodrigues e o diretor financeiro da Itaipu Rubens Bueno.

Meteorologia pode baratear a energia

A produção de energia elétrica pode ter custos operacionais reduzidos, caso a previsão do tempo de curto prazo seja mais precisa. A informação é de Luis Guilherme Guilhon, supervisor de hidrologia do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), que está em Curitiba participando do XV Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos – evento que segue até o dia 27, no Hotel Bourbon.

Segundo Guilhon, um dos grandes desafios é reduzir os erros quando o assunto é previsão do tempo. Nesse aspecto, a região Sul é a mais crítica. “No Nordeste, a margem de erro é de 3% a 5%. No Norte, de 9% a 10%. Mas no Sul, é muito alto: pode ser de 30%, 40% ou até 70%, dependendo o ano”, afirma Guilhon. Segundo ele, o fato se deve à própria localização. “Existem fenômenos climáticos, como a entrada de frente fria, que alteram a vazão dos rios de forma muito rápida”, explica.

“À medida que conseguirmos diminuir os erros, os custos operacionais serão reduzidos e poderemos promover um intercâmbio de regiões, ou seja, mandar energia do Sul para o Sudeste, ou o contrário, quando necessário. Além disso, a operação ficaria mais segura e aumentaria o estoque de energia elétrica”, aponta.

Nova tecnologia

De acordo com o pesquisador do Instituto Meteorológico Simepar, Alexandre Guetter, uma nova tecnologia em previsão de tempo está sendo testada. “Essa tecnologia visa a melhorar os padrões de reservatório de água”, conta. Ele explica que ao contrário do método anterior – que tomava como base dados históricos -, o novo modelo discute como incluir a previsão de chuva e os novos instrumentos (modelos climáticos dinâmicos) para que “a previsão reflita de fato o que está acontecendo.” Segundo ele, a questão é discutida em nível nacional e até internacional. O objetivo principal é, com os dados em mãos, promover um planejamento de ações, tanto na área de energia elétrica, como agricultura, abastecimento, defesa civil e meio ambiente.

“O ?apagão? fez com que conversássemos mais sobre o assunto”, reconhece Pedro da Silva Dias, professor da USP e membro da Sociedade Meteorológica Norte-americana. “Um dos nossos maiores desafios é em relação a informações. Há uma série de instituições que trabalham na área, mas as informações não circulam devidamente”, aponta. O diretor do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Antonio Divino Moura, concorda. “A meteorologia e a hidrologia não podem trabalhar separadamente. Há vontade mais recente de unificar esforços”, afirma.

Outro desafio é fazer previsão de tempo precisa com 14 dias de antecedência. Atualmente, a previsão com menor erro é de sete dias. No caso do Simepar, o acerto é de 80% a 90%, dependendo a época do ano, no caso de antecedência de sete dias. (Lyrian Saiki)

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