Os detentos da Casa de Custódia de São José dos Pinhais estão recebendo a oportunidade de se qualificar para iniciar uma nova carreira depois de deixar a cadeia. Um projeto da prefeitura local está oferecendo curso de Inclusão Digital a 60 presos, que há uma semana vêm ocupando 30 minutos de sua rotina diária em frente a um computador.
Localizada no bairro Guatupê, a Casa de Custódia abriga detentos provisórios. Enquanto ainda aguardam julgamento, eles recebem a chance de compensar, ao menos um pouco, a morosidade da Justiça, se capacitando para um lugar no mercado de trabalho e com a chance de reduzir o tempo que passarão atrás das grades.
O diretor da Casa de Custódia, João Carlos Ribeiro, diz que o curso de informática é um complemento a outras atividades. “Participam do programa os detentos que já trabalham e estudam e por isso recebem remissão da pena, com uma expectativa de futuro positiva”, avalia.
Segundo Ribeiro, a ideia do curso surgiu de conversas com a Prefeitura de São José dos Pinhais. “Eles forneceram todos os equipamentos e um instrutor. Nós só oferecemos o espaço, uma sala que era usada como almoxarifado. O governo cedeu as grades que cercavam a Praça Nossa Senhora de Salete, no Centro Cívico, e o piso foi uma doação da Incepa”, revela.
Para o curso, que dura 15 dias, os presos foram divididos em quatro turmas. A adesão foi grande e já há lista de espera. A prioridade é para os detentos provenientes de São José dos Pinhais. Detentos que já tem conhecimento de informática foram selecionados como monitores, que são instruídos pelos professores disponibilizados pela prefeitura.
Rafael, de 29 anos, detido por tráfico de drogas há cerca de dez meses, foi um dos escolhidos para trabalhar como monitor. “Sou formado em administração e tenho a oportunidade de ajudar quem está numa situação mais difícil. A maior parte do pessoal não tem nem o ensino fundamental e pode usar seu tempo pra uma atividade que pode melhorar suas vidas. É bom ver que a maioria está se interessando bastante”, afirma.
Já pra Antônio, de 50 anos, preso por furto, o curso é uma forma de aproveitar o tempo enquanto espera pelo julgamento. “É a primeira coisa boa que me acontece aqui. Nenhum dos crimes de que sou acusado foram comprovados, e por isso espero sair logo. Com o curso, pelo menos posso aproveitar pra aprender alguma coisa positiva”, pondera.
Famílias
O plano da prefeitura de São José dos Pinhais é implantar novos cursos no presídio e estender as atividades aos parentes dos detentos. “Muitos presos são pais de famílias, que perdem sua principal fonte de renda. Seria um auxílio pra que os parentes possam conseguir um emprego”, diz João Carlos Ribeiro.
Dentro da Casa de Custódia, a próxima novidade serão os cursos de artesanato. “Além de ensinar as técnicas, um professor orienta os detentos sobre que tipo de produto tem mais mercado e pode ser lucrativo, gerando uma renda pra família do preso de sustentar”, explica Ribeiro.