Calçadas de granito do Batel ainda são motivo de discórdia

Números da vergonha vão entrar para a história da reforma nos 980 metros de extensão da Avenida Bispo Dom José, no Batel, que deve ser concluída no final deste mês. Foram necessários dez meses para fazer a pavimentação e a calçada dos dois lados de uma via com menos de um quilômetro de comprimento. Se dividir por dias corridos, o ritmo de trabalho foi inferior a quatro metros diários.

Tamanha demora é justificada pelos longos períodos de paralisação das obras, seja por mudanças no projeto (como o uso do granito nas calçadas), seja pelas condições climáticas. Segundo a Secretaria Municipal de Obras Públicas (Smop), foram 60 dias de parada neste ano e outros 30 dias em 2012. Atualmente, 85% das obras já foram finalizadas e abrangem toda a pavimentação e calçamento da avenida. Para a parte concluída, uma equipe de 40 homens trabalhou na obra. Segundo a secretaria, dentro do projeto falta fazer o lixamento do granito, a sinalização horizontal e vertical, o paisagismo e as rampas de acesso para os deficientes. Nesta etapa final, cerca de 20 trabalhadores participam da reforma.

Transtornos

Gerson Klaina
Renata deixou o carro na garagem e está indo trabalhar de ônibus.

Mas para quem trabalha ou mora em algum imóvel da avenida, a obra parece não ter fim. “Já desistimos de informar aos clientes que querem agendar festas e confraternizações aqui em qual data a Avenida Batel estará pronta”, conta a assistente administrativa da Taboo Eventos, Elaine Petroski. Segundo ela, a maneira encontrada pela casa noturna para evitar transtornos aos frequentadores foi estender um tapete na entrada e redobrar a limpeza. “Aumentou o custo e não sairá barato refazer a frente com a mudança no nivelamento da rua”, observa.

A diretora administrativa Renata Grubba, que trabalha em um consultório, disse que desistiu de se deslocar de carro para o trabalho por tempo indeterminado. “Seria mais um carro para complicar ainda mais. O problema é que também ficou ruim de andar por aqui. Troco os sapatos quando chego ao consultório”. Quem mora na avenida, como o arquiteto Eduardo Guimarães, precisa negociar até para sair de casa. “Eles atendem prontamente e a vantagem é que está ficando bem feito, mesmo para quem ficou no lado do concreto. Quero ver se vamos pagar menos IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) que as quadras com granito”, pondera.

Economia de quase R$ 400 mil

Das mudanças de projetos que atrasaram a obra, a paralisação por conta do alto custo do uso do granito vai gerar uma economia significativa. Como já havia sido comprada uma parte do granito, a prefeitura resolveu utilizar em um trecho de 180 metros quadrados, cujo custo do metro quadrado ficou em R$ 149, totalizando um gasto de R$ 26,8 mil. No restante da obra, os 5.020 metros quadrados de área restantes receberam um concreto cujo custo por metro quadrado foi de R$ 65, ou seja, consumiram R$ 326,3 mil. Caso fosse utilizado granito, a mesma área custaria aos cofres públicos cerca de R$ 748 mil.

Gerson Klaina
Com 90 dias de paralisações, reforma de 980 metros em avenida significa menos de quatro metros diários de trabalho. Faltam 15% das obras pra conclusão.