Na última quarta-feira, o plenário do Conselho Federal de Medicina (CFM) aprovou uma resolução que autoriza o uso de órgãos e tecidos de anencefálicos (crianças nascidas sem cérebro) para transplantes. Essa utilização pode ser feita apenas mediante autorização dos pais 15 dias antes do nascimento.
Para a diretora da Central de Transplantes da Secretaria de Estado da Saúde, Arlene Terezinha Cagol Garcia Badoch, a decisão fará muito bem, principalmente para as crianças que esperam na fila por um órgão para ser transplantado. “Hoje nós temos 30 crianças aguardando um rim”, exemplificou. Arlene destacou que a resolução foi bem feita e amarra bem as doações, para que sejam feitas somente nos casos corretos. Ela disse que a Central de Transplantes ficará responsável por acompanhar todo o processo, e garantir que o órgão vá realmente para quem está em primeiro na fila de espera. Normalmente os órgãos aproveitados são o fígado, o rim e o coração.
Já para o presidente do Conselho Regional de Medicina (CRM) do Paraná, Donizetti Dimer Giamberardino Filho, tudo que vem para favorecer a efetivação dos transplantes é bom, mas não será essa resolução que vai solucionar o problema: “A quantidade de crianças nessa situação é pequena. Além disso, precisaríamos de uma coincidência de necessidade para que o transplante fosse realizado”, salientou.
Dimer destacou que a questão foi exaustivamente discutida até se chegar à aprovação da resolução. “Temos é que agilizar a conscientização da sociedade para a importância da doação de órgãos. Ninguém quer que aconteçam acidentes, mas nos casos onde eles ocorrem é necessário que se torne comum a doação de órgãos”, concluiu.