Assoma vai fechar as portas por falta de verba

A Associação dos Meninos de Curitiba (Assoma) está próximo de fechar as portas. Até o próximo dia 10, a única funcionária que ainda atua pela causa se despede na próxima quinta-feira. Nos últimos dias de atuação, a assistente social Edésia Satto coordena a finalização das transferências dos abrigados nos lares da instituição. Assim que estiverem concluídas, até quarta-feira, a organização fecha as portas. O atendimento às crianças vai ser feito pela Fundação de Ação Social (FAS).

Esta semana, além do guarda, Edésia era a única funcionária que, apesar de estar com salários atrasados, insistia trabalhando na Assoma. Ela conta que no último dia de 2007, o presidente da instituição, Celso Mendes, realizou uma assembléia na qual saiu o ofício final. No documento, o atendimento às crianças foi repassado para a Prefeitura e foi declarado o encerramento das atividades.

Salas de aula montadas
estão abandonadas.

Desde 1992 a assistente trabalha na Assoma. Ela começou como auxiliar e, depois de graduada, assumiu (em 2000) como assistente social. ?Faz pelo menos uns cinco anos que a instituição está nessa situação. A dificuldade maior é a falta de verba para atender as três casas-abrigos mantidas pela associação e as atividades de contraturno. Funcionando desde 1987, antes nunca havia faltado nada: nem pagamento, nem alimento ou atendimento às crianças?, comenta.

Ainda de acordo com Edésia, os problemas foram se intensificando com o passar dos anos. ?Primeiro, por falta de verba, a panificadora fechou em 2006. O dinheiro da venda dos produtos, portanto, não entrou mais. Depois, devido a pendências da Assoma, há quatro meses a FAS deixou de pagar a verba de R$ 7 mil (bimestrais) para o contraturno da Assoma e os R$ 5 mil para cada casa – abrigo?, conta.

Ela diz que os funcionários foram sendo demitidos aos poucos e chegou a faltar até comida para as crianças atendidas. Edésia teve que, ela mesma, buscar doações.

Computadores que não
são utilizados no local.

A assistente social era responsável pelo atendimento às três casas-abrigos. ?Eu cuidava das casas, das visitas domiciliares e de todo o atendimento às crianças. Acompanhava tudo. Agora fiquei sem nada. Como assistente social, o que me dói é pensar nas crianças. Espero que a FAS acompanhe mesmo de perto e dê toda a assistência a elas. Vou embora, depois de 16 anos, com muita tristeza?, desabafa.

De acordo com o presidente da instituição, Celso Mendes, a atividade de contraturno foi interrompida e as crianças dos abrigos foram encaminhadas para novas casas-lares. ?A Assoma encerra por exaustão de suas estratégias de atuação e por falta de verba. O que deu errado foi a falta de assistência e sensibilidade de toda a sociedade?, explica.

A Prefeitura, através da assessoria de imprensa, confirmou que a FAS dará continuidade apenas ao atendimento às crianças da Assoma. Vale lembrar que a sede da Assoma é uma área doada pelo Estado para a organização.

Voltar ao topo