Adeus aos falsificados

Aparelhos celulares piratas serão bloqueados

Quem comprou um celular “xing-ling” no Paraguai ou em lojas que revendem esses produtos aprova a medida da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), mas quer que os originais fiquem mais baratos.  Em 2014 o sinal dos aparelhos piratas será bloqueado por todas as operadoras.

O cinegrafista Vagner Ribeiro da Silva, de 25 anos, tem dois celulares: um pirata, comprado em uma loja no centro de Curitiba, e um original. Ele decidiu comprar um modelo xing-ling porque o custo era bem mais baixo.

“Com o preço de um original dá pra comprar quatro desses”, diz. Segundo ele, hoje em dia ninguém quer mais um celular simples, que apenas faça e receba ligações. “Povo quer celular com câmera, mp3, internet e tudo mais”, complementa. Vagner não sabia do bloqueio, mas se diz a favor. “É bom, porque acaba com a falsificação, mas desde que o preço do original seja mais acessível”.

Como o analista de qualidade Mizael Garcia Alves, de 22 anos, precisava de várias linhas de celular para o trabalho, ele foi ao Paraguai comprar um aparelho que aceita quatro chips, pois não encontrou um do tipo no Brasil.

Ele também não sabia da medida da Anatel que vai fazer com que o celular dele deixe de funcionar. “Não vejo problema, se abaixarem o preço dos nacionais, porque se não defende apenas o interesse das operadoras e quem sai prejudicada é a população”, comenta.

Em um menos de um ano de uso, o celular de do confeiteiro Carlos Roberto Santanelli, de 43 anos, foi três vezes para o conserto. “E não resolveu”, conta. Como é de uma marca desconhecida, ele desconfia que seja pirata, mesmo sem ter sido avisado na loja em que comprou. Carlos ficou satisfeito em saber da iniciativa da Anatel. ‘’Eu acho bom para combater a pirataria”, diz.

Risco à Saúde

O consultor em tecnologia Eduardo Guy de Manuel explica que os xing-lings têm dois problemas principais: primeiro por entrar no país irregularmente, sem o pagamento de impostos à Receita Federal; segundo porque todos os aparelhos eletrônicos que têm sinal de transmissão devem ser homologados pela Anatel para que o sinal não sofra interferências.

A maior parte desses aparelhos, segundo Eduardo, é fabricada na China, com um padrão de qualidade bem inferior, e podem oferecer danos à saúde dos usuários, como emitir radiações prejudiciais à saúde.

Ele destaca ainda que “99,9% dos acidentes e incidentes de problemas aquecimento, de pessoas que queimam a mão e o rosto são com equipamentos que não estão dentro do padrão”.  “Os consumidores têm que ficar alerta, porque por menos que seja não vale o preço”, alerta o consultor.

Como vai funcionar o bloqueio

Um sistema que está em desenvolvimento pela ABR Telecom, mesma empresa que faz a portabilidade dos números, vai cruzar as informações do registro IMEI do celular (espécie de RG que identifica todos os aparelhos celulares e tablets) – com o banco de dados dos IMEIs autorizados pela Anatel. Se o número não estiver autorizado, o sistema da ABR Telecom vai enviar um sinal para a torre mais próxima do usuário e ele não vai conseguir fazer a ligação.

Na prática

De acordo com Eduardo, duas situações podem  acontecer com o bloqueio dos celulares não homologados pela Anatel. “É bem possível que haja zona isenta onde alguns vão escapar desses bloqueios, e que alguém que comprou um aparelho regularmente tenha a surpresa de ficar com o celular bloqueado”, avalia.

A coordenadora do Procon-PR, Cláudia Silvano, destaca que os consumidores que compraram um aparelho sem saber que era pirata têm direito de reclamar. “Há a possibilidade de reclamação, porque quem vende deveria informar que se trata de um celular não homologado”, afirma.