Osmar Serraglio questionará Banco Central sobre inspeções no Rural

O relator da CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), informou que a CPI pedirá ao Banco Central (BC) cópias de todos os documentos referentes a inspeções feitas no Banco Rural entre 2004 e 2005, para verificar se, de fato, não foram detectadas irregularidades nos empréstimos feitos às agências SMPB e Grafitti. A comissão vai investigar se houve omissão ou até conivência do BC no caso dos empréstimos que o ex-superintendente do Rural Carlos Roberto Godinho diz serem de fachada. Segundo Godinho, as irregularidades eram muito evidentes e, em uma situação normal, não resistiriam a uma fiscalização. Por enquanto, aviso Serraglio, não há motivo para convocar diretores do BC.

Já o senador tucano Álvaro Dias (PR) atacou duramente a cúpula do BC. "Chega a ser acinte. A irresponsabilidade do Banco Central extrapola os limites do bom senso. Entre os principais responsáveis por esse esquema de corrupção, podem ser identificadas as autoridades monetárias do País", afirmou Dias, cobrando explicações do BC. "O valerioduto existe porque houve complacência e conivência do Banco Central", completou Álvaro Dias, que pediu ao relator para "carregar nas tintas", no relatório final da CPI.

O relatório do BC sobre o Rural foi concluído em 9 de agosto passado, quase um ano depois do início da fiscalização. "O relatório do BC não abordou as irregularidades em relação à SMPB. Não sei se o caso da SMPB foi levado ao Banco Central (pela diretoria do Rural), mas eles (inspetores do Banco Central) tinham condições, como fiscais, de constatar todas as irregularidades, porque receberam informações sobre a movimentação de todos os clientes", disse Godinho em depoimento à CPI.

O ex-superintendente revelou que, no fim de 2003, foi enviado pela diretoria do Banco Rural a uma reunião em que se discutiu a criação do Banco do Trabalhador, que seria fruto de uma sociedade do Rural com o BMG, outro banco usado por Marcos Valério no esquema de caixa 2, e uma "central de trabalhadores". Godinho não especificou qual era a central sindical e não citou a presença de nenhum integrante do PT na reunião.

Além de representantes do Rural e do BMG, segundo ele, estavam também funcionários de uma empresa chamada Netcash. O banco, disse Godinho, seria voltado para concessão de crédito a trabalhadores. "Acho que a idéia não teve continuidade porque as centrais de trabalhadores fizeram acordos com os bancos para créditos consignados (em que os descontos são feitos diretamente na folha de pagamento). Fui mandado à reunião para saber do que se tratava. Quando voltei, disse que o assunto não era da minha área", afirmou Godinho.

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