Rede nomeia novo diretor para tentar sair de crise

A Fundação BBC, órgão independente responsável pela orientação estratégica da rede do Reino Unido, anunciou hoje que Tony Hall, executivo-chefe da Royal Opera House, vai ser o novo diretor-geral da corporação.
A decisão foi tomada dez dias depois que uma sucessão de escândalos envolvendo acusações de abuso sexual resultou na demissão do diretor-geral anterior da rede britânica, George Entwistle.
Hall, que trabalhou por 28 anos na BBC, foi chefe do departamento de jornalismo da emissora de 1996 a 2001, quando saiu dela para comandar a Royal Opera House de Londres, uma das principais casas de espetáculo dedicadas à ópera no mundo.
Em seu período na rede, ele supervisionou o lançamento do site da BBC, de seu canal de notícias 24 horas e da Radio 5 Live, dedicada a esportes e programas jornalísticos.
O presidente da Fundação BBC, Chris Patten, afirmou que Hall é “a pessoa ideal para tirar a BBC da crise atual”. “Sua experiência jornalística poderá ser o principal valor para recuperar a reputação da emissora”, declarou ele.
Para o presidente da fundação, crítico severo dos problemas recentes envolvendo a BBC, a emissora precisa fazer mudanças visando “garantir a recuperação dos padrões que o público espera”.
Hall, por sua vez, afirmou que a BBC é “parte importantíssima do que faz o Reino Unido ser o que é” e previu dificuldades nas primeiras semanas, mas se disse comprometido a “garantir que nossos serviços noticiosos sejam os melhores do mundo”.
Histórico da crise
A atual crise enfrentada pela BBC começou em outubro, quando uma emissora rival revelou acusações de pedofilia contra o popular apresentador da rede Jimmy Savile, morto no ano passado –ele teria abusado de mulheres e crianças por décadas.
No mês passado, a BBC afastou o editor do telejornal “Newsnight”, Peter Rippon, que deixou de exibir reportagem que investigava as acusações contra Savile, e instaurou um inquérito para apurar se a direção do canal sabia do comportamento do apresentador e se o acobertava.
Logo depois, a emissora britânica exibiu uma série especial sobre abuso sexual em que um homem acusava um membro do Partido Conservador –o mesmo do atual premiê, David Cameron– de pedofilia no País de Gales nos anos 70, sem citar nomes.
As acusações foram associadas a Alistair McAlpine, ex-integrante do Parlamento britânico, que as negou veementemente. Em seguida, o próprio acusador se retratou.
O então diretor-geral da BBC, George Entwistle, veio a público dizer que a reportagem não deveria ter sido exibida e, diante do escândalo formado, pediu demissão, assim como a chefia de jornalismo da rede. McAlpine recebeu uma indenização de 185 mil libras (R$ 606 mil).

Voltar ao topo