Rebeldes do Congo vão manter Goma ocupada

O grupo rebelde M23, da República Democrática do Congo, disse hoje que não sairá da cidade de Goma, no leste do país, antes de negociar exigências com o presidente Joseph Kabila.

A cidade é ocupada pelos insurgentes há uma semana, desde o início de uma ofensiva militar na região. O M23 também rompeu um acordo com o Congo, Uganda e Ruanda que determinava a retirada na noite de ontem, o que não aconteceu.

Em entrevista coletiva, o chefe político dos rebeldes, Jean-Marie Runiga, disse que suas forças se retiraram somente se Kabila retomasse as negociações, libertasse presos políticos e dissolvesse sua comissão eleitoral, órgão acusado pelo Ocidente de entregar um segundo mandato ao presidente em 2011.

No entanto, as declarações foram feitas em meio a uma série de informações desencontradas sobre a retirada. Militares do Exército da vizinha Uganda dizem que eles sairiam de Goma até amanhã, sem exigir condições prévias.

Mais tarde, o chefe militar do M23, Sultani Makenga, disse que o grupo deixará a cidade no máximo na próxima sexta-feira, também sem fazer condições. Ele mencionou que a retirada obedece ao acordo estabelecido no fim de semana em cúpula regional, em Campala, capital de Uganda.

Governo

A confusão entre as versões dos rebeldes também provocou reações dúbias do governo congolês. O porta-voz da Presidência, Lambert Mende, descartou as demandas do M23 e as chamou de “farsa”.

“Houve um documento adotado pela região. Se a cada dia eles voltarem com novas demandas, isso se torna ridículo.”

Mais tarde, o porta-voz militar do Congo, Olivier Hamuli, disse que o grupo declarou guerra ao se opor à saída de Goma.

O impasse aumenta o risco de que a insurgência possa se transformar em uma guerra em uma região marcada por quase duas décadas de conflito, que matou mais de 5 milhões de pessoas, movidas pela competição por recursos minerais.

A situação pode se agravar com a tentativa de outra milícia, a Força Democrática de Libertação de Ruanda, de entrar em Ruanda. O grupo negou a ação, mas testemunhas dizem que houve disparos na vila fronteiriça de Kibumba.

A Força Democrática de Libertação de Ruanda é um dos grupos que participaram da guerra civil ruandesa, em 1994, e é apontado como um dos culpados pelo genocídio da etnia tutsi. A maioria dos membros da guerrilha fugiu para o Congo após a guerra.

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