Partido Comunista chinês festeja após expulsar dirigente

Um dia depois de expulsar o ex-dirigente Bo Xilai, o Partido Comunista chinês deu uma demonstração de unidade ao reunir a cúpula no prédio do Parlamento, nesta tarde, para uma recepção.

O premiê Wen Jiabao discursou para centenas de diplomatas, oficiais e outros convidados sem mencionar a polêmica expulsão, que gerou protestos. “Olhando para a frente, estamos confiantes”, afirmou. “Nenhuma dificuldade irá nos impedir de seguir adiante.”

Ontem, o PC expulsou Bo sob acusações de acobertar seu envolvimento no caso do assassinato do empresário britânico Neil Heywood; de aceitar suborno durante vários anos, incluindo o período em que foi ministro do Comércio (2004-2007); e de “manter relações sexuais impróprias com várias mulheres”.

O tom duro da agência oficial de notícias Xinhua mesmo antes do julgamento é um sinal de que Bo sofrerá uma punição pesada. A China é o país que mais pratica a pena de morte no mundo. O governo não divulga números, mas a Anistia Internacional estima que “milhares” tenham sido executados somente no ano passado.

Gu já foi condenada à “pena de morte suspensa”, que na maioria dos casos é comutada para prisão perpétua. Já o ex-chefe de polícia de Chongqing, Wang Lijun, que denunciou a Bo e à mulher dele, Gu Kailai, foi condenado a 15 anos por aceitar suborno e outros crimes.
Bo, antes do escândalo, era uma proeminente -embora polêmica- figura da política chinesa, cotado para o Comitê Permanente do PC.
Também ontem, a Xinhua informou que o 18º Congresso do Partido Comunista começará em 8 de novembro. É o início da primeira transição da cúpula em uma década, e o atual vice, Xi Jinping, deve ser confirmado líder máximo, em substituição a Hu Jintao.
Hoje, a mídia chinesa tentou retratar a saída de Bo como parte da luta do PC contra a corrupção. “Não importa quão alto o cargo, quão influente, qualquer um que violar a disciplina do partido e a lei desse Estado será perseguido e punido”, afirmou a Xinhua.
Morte
Segundo a versão oficial, Gu -uma advogada famosa no país- confessou ter matado o britânico Heywood por causa de divergências em uma negociação. Ambos seriam cúmplices em um escândalo de corrupção. O empresário foi assassinado em novembro de 2011, em um quarto de hotel em Chongqing, após a advogada tê-lo envenenado.
O julgamento de Gu e de seu guarda-costas, Zhang Xiaojun, no último dia 10 de agosto, durou apenas oito horas. Vários pontos da versão oficial são questionados. Amigos de Heywood questionaram a veracidade da suposta ameaça que o empresário fez contra Bo Guagua, 24, filho do casal, que estudava na Universidade Harvard (EUA) na época do assassinato. Essa ameaça teria precipitado o crime.