Partidários de Zelaya negam organização de guerrilha

Ala mais radical da base de apoio do presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, a Frente Nacional de Resistência (FNR) negou ontem que esteja planejando estabelecer campos de treinamento guerrilheiro na América Central para derrubar o governo de facto, liderado por Roberto Micheletti. O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, havia afirmado no sábado, quando participava da sétima cúpula da Aliança Bolivariana para as Américas (Alba), na Bolívia, que zelaystas estavam dispostos a recorrer às armas.

“A coordenação da frente em nenhum momento falou, insinuou ou planejou recorrer à violência”, afirmou Juan Barahona, o principal líder do grupo. A resistência ao golpe continuará sendo “pacífica”, disse. “Nos pronunciaremos nas ruas, sem armas.”

A frente exige a restituição imediata do presidente deposto e promete que seguirá em campanha pela realização de uma Assembleia Constituinte “a partir do primeiro dia em que Zelaya voltar”. Negociadores zelaystas, entretanto, já abriram mão formalmente de uma consulta popular até o fim do mandato de Zelaya, caso ele seja restituído.

Na cúpula da Alba, Ortega disse que zelaystas estão a caminho da Nicarágua, Guatemala e El Salvador em busca de campos de treinamento. “Existe uma grande preocupação na região. A resistência hondurenha está vindo para buscar armas e campos de treinamento”, afirmou Ortega.

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, também alertou para o risco de que o golpe leve a uma resistência guerrilheira “nas montanhas” de Honduras. “Estou só alertando. Não instigando”, completou. Chávez ainda voltou a afirmar que o golpe contra Zelaya foi arquitetado “pelo Pentágono”.