Para professor, onda de IPOs subestima riscos

O otimismo do mercado financeiro com relação aos países emergentes, em especial o Brasil, é classificado como exagerado pelo diretor-executivo para estudos da América Latina da Columbia University (EUA), Thomas Trebat. Ele mostrou preocupação em particular com o que chamou de "explosão de operações de abertura de capital (IPOs) de empresas no mercado acionário". "Hoje não existe nada que não possa ser financiado pelo mercado", resumiu.

Trebat considera este processo natural, tendo em vista que os mercados costumam exagerar no otimismo ou no pessimismo. "Mas os investidores estão subestimando os riscos do País. Nem todos os projetos são atraentes e darão retorno esperado", avaliou.

O professor destacou fatores negativos da economia brasileira, como o clima de negócios, burocracia e a elevada carga tributária, que neste momento tem peso zero na análise do mercado. No entanto, ponderou Trebat, em uma outra fase do ciclo de liquidez dos mercados, estas variáveis passarão a ganhar mais importância.

Na análise do professor norte-americano, o País em breve deverá alcançar o aguardado "grau de investimento" concedido pelas agências de classificação de riscos de crédito. "Todas as variáveis macroeconômicas brasileiras apresentaram melhoras", afirmou. Entretanto, ele disse acreditar que o impacto da elevação do rating brasileiro será pequeno. "O que irá atrair investidores para o longo prazo é a melhora na perspectiva de expansão da economia", explicou.

Um exemplo de que o "grau de investimento" não produz resultados ao longo do tempo, segundo o professor da Columbia, é o México, que apesar de possuir uma elevada avaliação das agências, mantém um ritmo de crescimento baixo.

Questionado sobre a apreciação do real ante o dólar, Trebat afirmou que o câmbio não preocupa no curto prazo, mas reconheceu que a valorização da moeda brasileira por um período mais prolongado poderá afetar a competitividade das exportações.

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