Município espanhol levará 7.058 anos para quitar dívida

Um pequeno município espanhol na região de Castilla La Mancha precisará de 7.058 anos para saldar sua dívida pública, afirmou indignado nesta quinta-feira (10) o secretário de Estado para as Administrações Públicas do governo espanhol, Antonio Beteta, dizendo que o endividamento da prefeitura em questão é demonstração do disparate financeiro que tomou conta de cidades e regiões espanholas na década passada. Beteta não nomeou o município, mas a prefeita do município de Pioz, Amelia Rodríguez, acha que ele se referia à cidade que ela governa.

“Acho que ele se referia a nós”, disse Amelia à Associated Press em entrevista por telefone. “A situação é muito complicada”. Amelia denunciou que a antiga administração de Pioz usou a bolha imobiliária que tomou conta da Espanha na década passada para lançar projetos que foram impossíveis de serem pagos quando a bolha estourou com a crise econômica de 2009. Entre esses projetos, ela enumerou uma piscina olímpica, uma estação depuradora de água, que custou US$ 7 milhões, e um centro médico atualmente abandonado. Pioz, na província de Guadalajara, tem 3.500 habitantes. O município acumula dívida de US$ 20,5 milhões.

“Nós não temos renda de impostos. Não temos empresas e não temos indústrias”, disse Amelia Rodríguez. “Não podemos nem pagar a calefação e a iluminação pública”. Rodríguez disse que a situação é dramática: “devemos dinheiro a todo mundo”.

Segundo ela, a única esperança para o município é um projeto lançado pelo governo espanhol, o qual permitirá que os municípios tenham acesso a uma linha de crédito para saldar dívidas, em troca de um ajuste interno, no qual está prevista a futura devolução do dinheiro a Madri.

Até agora, 4.623 municípios dos 8 mil que existem na Espanha aderiram ao programa do governo. Beteta criticou os gastos que foram feitos nos municípios inadimplentes e mais particularmente o município identificado como Pioz.

“Não sei como eles conseguiram gastar tanto dinheiro, ou como os juros foram computados, mas esperamos que não demorem 7 mil anos para nós devolvermos tudo”, disse a prefeita Amelia Rodríguez. “Se levar 7 mil anos, nossos netos e bisnetos continuarão a pagar”, disse.

As informações são da Associated Press.