Militares prometem eleições em dois anos em Guiné

O grupo militar que alega ter tomado o controle de Guiné afirmou nesta quarta-feira (24) que planeja realizar eleições presidenciais em até dois anos, após ter dito inicialmente que a votação ocorreria em até dois meses. O primeiro-ministro, Ahmed Tidiane, disse que continua no controle do país. O adiamento da eleição levantou questões sobre as intenções do grupo político, apenas dois dias após a morte do ditador Lansana Conte, que governava o país desde 1984, após um golpe militar.

O grupo, que se intitula Conselho Nacional pela Democracia e Desenvolvimento, disse ter assumido o comando do país ontem. Tanques e jipes armados com lançadores de foguetes circulavam na capital Conacri hoje, junto com soldados do grupo armados com metralhadoras e usando uniformes militares e boinas vermelhas. “O Conselho Nacional pela Democracia e Desenvolvimento não tem ambição de permanecer no poder”, disse o capitão Moussa Camara, porta-voz do grupo, em transmissão por rádio. “Estamos aqui para promover a organização de eleições presidenciais transparentes e dignas de crédito até o final de dezembro de 2010.”

Um dia antes, em seu primeiro pronunciamento à nação, Camara havia dito que as eleições seriam organizadas dentro de 60 dias. Camara também acusou o governo de Guiné de trazer mercenários estrangeiros para ajudar a retomar o controle do país, mas não disse qual país está enviando os supostos mercenários ou por qual fronteira eles podem ter tentado entrar. Ele fez seu pronunciamento por meio da rádio estatal, que está nas mãos dos soldados de ontem.

O primeiro-ministro disse que seu governo permanece no controle e que a acusação sobre os mercenários é falsa. “É estúpida. Não, não é verdade de maneira nenhuma”, afirmou ele, que não tem conseguido se comunicar diretamente com a população desde que as tropas dissidentes tomaram as estações de rádio e televisão estatais. “Ainda estamos no controle e estamos tentando normalizar a situação. Não temos intenção de trazer mercenários. Na verdade, nem pedimos a nossas próprias Forças Armadas que interviessem”, completou. Dois dias após a morte do ditador Lansana Conte, ainda não está claro quem está no controle do país. Líderes do grupo militar anunciaram um governo interino de 32 membros, composto por 26 militares e seis civis, enquanto o primeiro-ministro sustenta que está no controle.