Marcha de extremistas acaba em confronto em Israel

Uma marcha realizada por israelenses de extrema-direita acabou em confronto hoje, enquanto o grupo passava por uma cidade árabe no norte do país. Muitos moradores jogaram pedras nos manifestantes. Quando o grupo de cerca de 20 ativistas de direita chegou, jovens árabes queimaram pneus e jogaram pedras. A polícia usou gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral para dispersar os jovens. Não há informações sobre feridos.

“Libertem a Palestina”, gritavam os moradores árabes, enquanto balançavam bandeiras palestinas em suas casas. “Com nosso sangue, com nossas almas, nós nos sacrificamos por você, Palestina!”. A controversa marcha coincide com o 20º aniversário do assassinato do rabino Meir Kahane, um extremista de direita que geralmente se referia aos árabes como “cães” e pedia a expulsão deles de Israel.

Os organizadores disseram que a marcha exigia que o Movimento Islâmico Árabe Israelense, liderado pelo polêmico pregador xeque Raed Salah, seja declarado ilegal. “O Movimento Islâmico é parte de uma jihad (guerra santa) islâmica internacional”, afirmou Michael Ben Ari, um parlamentar de direita envolvido na manifestação.

Antes da marcha, vários funcionários árabes locais e dezenas de árabes foram até a cidade. A polícia enviou reforço para evitar confrontos. A Suprema Corte de Israel autorizou a realização da marcha, mais cedo neste mês. O parlamentar árabe Afu Agbaria, da cidade de Umm al Fahm, onde ocorreu o protesto, qualificou o evento como “uma provocação contra o povo de Umm al Fahm e a minoria árabe no país”.

Líderes políticos árabes de Israel temem que as ideias extremistas ganhem força no país, atualmente liderado por um governo de direita. Mais cedo neste mês, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu deu apoio a uma lei que exige de todos os novos cidadãos um juramento a Israel como um “Estado judaico e democrático”.

Os cidadãos árabes, 20% da população israelense, qualificam a lei como racista e alegam que o objetivo dela é deslegitimar a presença deles. Os 1,3 milhão de cidadãos árabes são palestinos que permaneceram no país após a criação do Estado, em 1948, ou descendentes dessas pessoas. As informações são da Dow Jones.