Filhotes merecem atenção especial

Os filhotes de animais devem ter atenção especial de seus donos. Tanto na hora de adquiri-los quanto depois que já estiverem instalados dentro de casa os animais, com pouca idade, demandam cuidados diferentes daqueles dedicados aos adultos. E tudo começa na própria consciência do dono.

Antes mesmo de comprar um filhotinho, a pessoa deve analisar o local em que mora. O médico veterinário da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Marcelo Molento, orienta que o tamanho do animal e o seu comportamento devem ser diretamente proporcionais ao ambiente em que ele irá viver. ?É importante ver se ele cresce muito, se tem um volume de fezes grande e se late demais. Não é recomendável termos esse tipo de animal em um apartamento, por exemplo. O cavalo tem que ter um local grande para viver, já o pássaro, o porquinho-da-índia fazem bastante sujeira?, exemplifica.

O local onde a pessoa vai adquirir o animalzinho também é importante. Há aviários, criadores e até fazendeiros que vendem animais, porém, Molento afirma que é preciso ter cuidado. ?O comércio de animais é violentamente grande e há pessoas que só querem ganhar dinheiro?, orienta. Segundo o veterinário, a primeira atitude do ?candidato? à posse do animal é verificar junto ao vendedor os comprovantes de vacinação. De acordo com Molento, as enfermidades do estômago e do intestino são as que mais matam filhotes no País. ?Há animais que nascem contaminados e, às vezes, são vendidos com essa carga parasitária?, afirma. Por conta disso, todo filhote também deve fazer exame de fezes antes de ser vendido.

Aliado a isso, o veterinário diz que não é recomendável adquirir um animal muito novo, pois dessa forma as primeiras vacinas ainda não terão sido dadas e não se sabe que tipo de enfermidade ele poderá ter. No caso do cão e do gato, o período ideal para adquiri-los é de 45 a 50 dias depois do seu nascimento. Já o coelho, após um mês está em condições de deixar sua mãe. O cavalo deve ser adquirido a partir de seis meses.

A sensibilidade de quem quer um filhotinho também pode ser uma boa estratégia. Animais magros, com pelo opaco, abdôme distendido e olhos fundos não devem estar bem de saúde. Ir ao local com um veterinário também é uma boa dica. Ao levá-lo para casa, a alimentação deve ter atenção especial. Os filhotes, segundo Molento, devem comer rações específicas para sua idade, assim como aqueles que estão em fase de crescimento e os adultos.

Vira-latas são dóceis e inteligentes

A adoção de animais abandonados é uma boa dica para quem quer adquirir um filhotinho de estimação. Os veterinários dizem que os cães mestiços (conhecidos como vira-latas) são em geral mais dóceis, inteligentes e têm menos propensão a doenças.

A médica-veterinária e professora de comportamento e bem-estar animal da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Carla Forte Maiolino, explica que os mestiços são dessa forma porque os animais de raça pura passaram por intensas modificações durante os anos. ?A raça pura foi tão selecionada que um animal acabou reproduzindo com outro que era seu parente, o que fez com que as doenças aparecessem mais?, explica. Há raças em que determinadas enfermidades são mais ou menos prováveis, como o sharpei (que têm problemas na pele), o pastor alemão (que pode ter sua parte anterior caída em determinada idade), e os cães com focinho curto (como o buldogue), que têm tendência a ter problemas respiratórios. Os gatos da raça persa também tendem a ter problemas respiratórias e de bexiga.

Animais para adoção podem ser adquiridos em ONGs de proteção e também no Centro de Controle de Zoonoses de Curitiba. A partir de abril, as pessoas que forem adquirir um filhotinho em meio a uma ninhada do centro poderão fazer um teste para saber qual animal é o mais apropriado para conviver com sua família. ?O teste vai diagnosticar o tipo de temperamento do animal. Alguns indivíduos são dominantes e outros, submissos. Geralmente a pessoa leva para casa aquele que é mais esperto, que vem correndo para ele, mas em geral este animal é o dominante do grupo e terá o mesmo comportamento na sua nova casa?, comenta Carla.

O teste estará disponível no local, mas uma das dicas ao ver uma ninhada é pegar o filhote e virá-lo de barriga para cima. Verificando se ele se debate mais ou menos é possível saber se é dominante ou submisso. Verificar se o animal toma iniciativas, se no colo ele fica inquieto ou obedece ao dono, também são dicas para perceber o comportamento do bicho.

Raça: importante pesquisar

O comportamento dos bichinhos também deve ser analisado. A médica-veterinária e professora de comportamento e bem-estar animal da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Carla Forte Maiolino, orienta que as pessoas devem pesquisar sobre a raça do animal antes de adquiri-lo.

Ela explica que qualquer comportamento do animal depende dos fatores genéticos e também do ambiente em que vive. ?Quando eu vou adquirir um cão eu preciso pensar o que eu quero dele. Se escolho uma raça que pega tudo, por exemplo, vou ter que dar vazão a esse comportamento do animal. Vamos dar o exemplo do pitbull. Há pessoas que dizem que o seu pitbull é manso, mas o componente genético da agressividade dele pode aparecer em algum momento?, explica a veterinária.

Na avaliação de Carla, é muito importante fazer uma pesquisa prévia sobre o animal que se vai adquirir. ?É muito mais barato ter uma relação completa com o animal, talvez até consultar um veterinário antes, do que adquirir e depois abandoná-lo?, orienta a médica.

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