Filhos da corrupção

A humanidade caminha pelas vias do tempo e parece que ainda não se deu conta dos distúrbios ecológicos e psíquicos que provocamos com a ignorância e a passividade. Por este viés que não podemos mais tolerar a forma com que somos tratados pela nata política e econômica deste País. Como ainda podemos tolerar a poluição sonora dos veículos políticos que atravessam a capital paranaense no período eleitoral? Com aquelas músicas massivas e irritantes que crispam nossa liberdade.

Somos os filhos da corrupção num país dotado de fé e esperança. Somos todos compelidos a sermos enganados pela falta de educação e desenvolvimento sustentável a longo prazo. O prato que devoras hoje terás novo preço amanhã.

Porque nunca vemos a figura do modelo cristão sorrindo, pendurado nos muros da cidade? Ao contrário dos sorrisos amarelos dos ingentes sofistas.

Será que eles ainda pensam que nada estruge dentro da nossa consciência? Será que pensam que o povo ainda é politicamente imaturo? Será que sonham com nossa ignorância?

Vamos lá… Vivemos o limiar entre a mentira e a verdade. Hoje ser honesto deixou de ser obrigação e passou a ser virtude. Não podemos deixar que a caridade política continue sendo uma esmola que nos é concedida. Devemos abrir o leque de nossa revolta e melhorarmos nossa consciência política. Ser bom, honesto e anelar nossos direitos não é uma condição passiva e sim pacifista.

Então, convido os caros leitores ao conúbio entre a consciência e a passividade que vivemos.

Aos deuses da corrupção

As portas fecham.

O doce sabor do amor.

As lágrimas secam.

O ardente sintoma da dor.

As ruínas tecem.

O magistrado calor.

Que navega em bolhas azuis.

Que passeiam nas mentes… Mentem.

Confisca a ilusão.

Intoxicado pelos vapores da ira.

Fura o coração.

Como estimulante do ódio… Da vida…

Deita na cama da solidão.

Anelando o cálice da partida.

Penetra os caminhos da podridão.

Arremata as migalhas com olhos no chão.

Do mosaico enfeitado de compaixão.

São os homens da rua.

Pedindo perdão.

Pedindo obrigado.

Aos vermes da corrupção.

Pedindo os abraços e a benção.

Dos filhos da sonegação.

Causando no povo.

Um fio de desgosto.

Que morre na boca.

O fim da desilusão.

As peias da revolução

Rostos desfigurados.

Sorriso abafado.

Olhos pungentes.

Cabelos crestados de barro.

Levanta o cenho amargo. Chora…

Fogo é água.

Nada a espada.

No átrio da solidão.

Cai o anel de prata.

Dos braços da corrupção.

Que corta os tentáculos do tempo.

Abrindo as portas do céu.

Para os malditos imperadores.

Que provocam alívio.

Na faceta da nata.

Que alimenta a insígnia.

Da soberba razão.

Dos meninos do trono.

Matando o povo na prisão.

Que estoura.

Nas peias da revolução.

Daniel Santos – Professor da Universidade Federal do Paraná – Departamento de Geomática.

Voltar ao topo