Descobertos fósseis de crocodilo em SP

Rio – Um dente serrilhado encontrado há 15 anos pelo estudante Clésio Felício, então com 13 anos, numa estrada de General Salgado, a 548 quilômetros de São Paulo, permitiu uma das maiores descobertas paleontológicas recentes no Brasil – um cemitério de Baurusuchus salgadoensis, espécie de crocodilomorfo (parente distante do crocodilo) até então desconhecida, e extinta há cerca de 90 milhões de anos.

Os fósseis encontrados na Bacia de Bauru revelaram que a região era suscetível a catástrofes meteorológicas, com secas intensas alternando terríveis enxurradas. Ajudam também a comprovar a tese sobre a existência do supercontinente Gondwana, que reunia América do Sul, Antártica, África, Índia e Austrália. Parentes próximos do Baurusuchus salgadoensis foram encontrados no Paquistão.

A pesquisa, financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio (Faperj), foi reportagem de capa da revista internacional Gondwana Research, que se dedica a estudos sobre o supercontinente. Em General Salgado, os pesquisadores da UFRJ e do Museu de Paleontologia de Monte Alto, em São Paulo, encontraram fósseis de 14 crocodilomorfos – 11 deles pertencentes à nova espécie Baurusuchus salgadoensis. Eles se diferem dos demais Baurusuchus por causa de uma protuberância sobre as órbitas, que protegiam os olhos da radiação solar, e a estrutura nasal diferente. O Baurusuchus salgadoensis tinha cerca de três metros de comprimento e pesava 400 quilos. As pernas eretas permitiam que se deslocasse por grandes distâncias. Também tinha narinas frontais, o que indica hábitos terrestres.

Voltar ao topo