Ativistas são deportados após prisão em Israel

O procurador-geral de Israel, Yehuda Weinstein, disse hoje que todos os quase 700 ativistas detidos no país serão deportados até o fim do dia. Eles foram presos após Israel agir militarmente para interceptar uma frota que pretendia levar ajuda humanitária à Faixa de Gaza. A ação deixou nove mortos. Segundo um funcionário, todos os ativistas detidos já deixaram a prisão. O primeiro avião com turcos feridos no ataque de Israel chegou a Istambul no final desta tarde.

Weinstein disse que Israel decidiu não processar nenhum dos ativistas. Mais cedo, funcionários israelenses haviam dito que avaliavam a possibilidade de processar cerca de 50 pessoas, que se envolveram na violência durante o incidente. Weinstein, porém, escreveu uma ordem nesta quarta-feira afirmando que “mantê-los aqui traria mais danos aos interesses vitais do país que benefícios”.

Um porta-voz da autoridade prisional do país afirmou, nesta quarta-feira, que não há mais qualquer detento nas prisões israelenses envolvido com o caso. O funcionário disse que todos foram levados para o Aeroporto Internacional Ben Gurion, perto de Tel-Aviv, ou para a fronteira com a Jordânia.

Autoridades israelenses disseram que 682 pessoas de 42 países estavam a bordo de seis embarcações que tentaram romper o bloqueio imposto por Israel na Faixa de Gaza, para levar ajuda humanitária. O grupo Physicians for Human Rights afirmou que 52 ativistas ficaram feridos no incidente. Entre os ativistas está a brasileira Iara Lee, que tem ascendência coreana e vive nos Estados Unidos.

Israel descarregou os suprimentos que estavam nos seis navios e enviou parte das mercadorias a Gaza. Mais cedo, a segurança israelense carregou 20 caminhões com os suprimentos, que incluíam cadeiras de roda, brinquedos, roupas e remédios. Os funcionários israelenses disseram que, ao contrário das reclamações iniciais, não existia cimento a bordo dos navios.

Pressão turca

Hoje também, o Parlamento da Turquia pediu que o governo implemente medidas “efetivas” contra Israel. O Parlamento “espera que o governo turno revise nossos laços políticos, militares e econômicos com Israel e tome as medidas efetivas necessárias”, segundo uma declaração aprovada por unanimidade na assembleia geral. “A Turquia deve lançar mão de meios legais nacionais e internacionais contra Israel”, afirmava o documento.

Israel instruiu as famílias dos seus diplomatas na Turquia a deixarem o país imediatamente, por causa das barulhentas manifestações na frente da Embaixada de Israel e da indignação popular turca, provocada pelo ataque. Dos nove mortos na ação, quatro eram turcos.

Israelense a bordo

Hanin Zoabi, uma parlamentar árabe-israelense que estava no navio turco Mavi Marmara com os ativistas, foi insultada quando subiu à tribuna no Knesset, o Parlamento de Israel, nesta quarta-feira. “Vá para Gaza, sua traidora”, gritou a parlamentar Miri Regev, do governista Partido Likud (direita), em árabe.

Hanin Zoabi deu uma entrevista ao jornal britânico Birmingham Star. Ela afirmou que nenhum passageiro do navio turco abordado, o Mavi Marmara, onde ela estava, levava armas. Segundo ela, alguns minutos após Israel desfechar o ataque, três corpos foram levados para uma sala do navio. Os passageiros foram forçados a descer do convés por canhões de água.

Ela disse que dois outros ativistas feridos sangraram até morrer numa sala onde ela estava com outras pessoas, após soldados israelenses ignorarem pedidos de socorro que ela fez em hebraico por uma escotilha. Ela disse ter visto outros sete ativistas seriamente feridos.

Hanin Zoabi foi libertada na terça-feira, aparentemente por causa da sua imunidade parlamentar. Contrariando as alegações dos militares israelenses, ela disse que os comandos israelenses fizeram uma vistoria completa no Mavi Marmara e não encontraram nenhuma arma. Com informações da Dow Jones.