Lula reafirma ser maior interessado em esclarecer dossiê

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a negar que saiba a origem do dinheiro que seria usado na compra do dossiê Vendoin e reafirmou que é o maior interessado no esclarecimento do caso. "Nesse caso, eu quero saber o conjunto da obra. Porque se tem uma pessoa que foi prejudicada por isso, fui eu, não foram meus adversários", disse o presidente em entrevista concedida hoje à rádio Bandeirantes. "Se tem um brasileiro hoje que tem interesse em saber, sou eu.

O presidente ainda insinuou que a oposição não se interessa pela resolução do caso, mas apenas pelo ganho eleitoral que pode tirar dele. "Me parece que algumas pessoas não querem saber disso (dos detalhes do caso). Só querem saber, primeiro, da fotografia do dinheiro para impedir o que aconteceu em 2002. Segundo, algumas pessoas querem saber onde está o dinheiro, que eu tenho o maior interesse em saber", disse, referindo-se ao R$ 1,75 milhão apreendido pela polícia federal com Gedimar Passos e Valdebran Padilha. "Não sei qual foi a estratégia, porque a coisa foi tão imbecil", afirmou.

Lula lembrou ainda que, como presidente da República, não deve investigar, trabalho exclusivo da Polícia Federal e demais autoridades ligadas à Justiça. "O presidente da República não julga, não prende, não investiga. O presidente da República espera a polícia com a sabedoria que ela tem", disse.

Lula ainda lembrou que foi incitado, quando assumiu a Presidência, a fazer uma varredura no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB). "Tinha muita gente que queria que eu fizesse uma varredura no governo passado e eu tomei a decisão de não fazer, porque não é o presidente que vai ficar fazendo varredura.

Quando perguntado sobre a proximidade dos envolvidos no "dossiêgate", Lula ressaltou que o presidente deve punir exemplarmente os envolvidos em casos como esse, o que tem ocorrido, segundo disse. "Se amanhã eu te convidar para vir para o governo, você vem pelo teu passado, mas se cometer um erro, vai ser punido exemplarmente. Essa é a lógica de quem quer combater definitivamente a corrupção.

Lógica que, segundo Lula, foi usada no caso do caseiro Francenildo dos Santos Costa, que teve o sigilo bancário quebrado por ordem do ex-ministro da Fazenda, o petista Antonio Palocci. "É inimaginável você imaginar uma autoridade pública querer ver a conta de uma caseiro. É abominável. Isso já foi condenado pela sociedade e eu tomei a atitude que deveria ter tomado", concluiu.

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