Lula divide palanque com acusado do mensalão

Ao participar de um comício ontem em Governador Valadares (MG), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva dividiu o palanque com dois personagens que provocaram constrangimento: o deputado João Magno (PT-MG), um dos mensaleiros beneficiados pelo dinheiro do valerioduto, e o candidato a senador Newton Cardoso (PMDB), alvo habitual de críticas dos petistas mineiros e até mesmo de integrantes de seu partido. Magno foi o petista que, ao ser absolvido pelo plenário da Câmara, no dia 22 de março, foi homenageado pela colega Angela Guadagnin (PT-SP) com a célebre ?dança da pizza?

O previsto inicialmente era a adoção do novo formato bolado para os comícios de Lula, com dois palanques. Num deles, ficaria o presidente candidato à reeleição e seus principais aliados na disputa no Estado. No outro, seriam abrigados deputados federais e estaduais e prefeitos. A justificativa oficial era que o palanque principal ficaria muito cheio. Mas haveria o ganho colateral de evitar que Lula pedisse voto ao lado de sanguessugas, mensaleiros ou políticos envolvidos em escândalos. Só que o palanque principal ficou vazio e os deputados acabaram sendo convidados a reforçá-lo

Foi a invenção do chamado ?palanque dos excluídos? que provocou o esvaziamento do comício. Um dos políticos ausentes, que não quis não se identificar, disse que a separação significava ?uma humilhação?. Diante do problema, o próprio Lula pediu desculpas. ?Quero dar os parabéns aos prefeitos que estão aqui. Lamentavelmente me disseram que no palanque não cabe muita gente?, disse o presidente, que estava na companhia do vice José Alencar, que é de Minas. ?De vez em quando, a gente vê na televisão um palanque quebrar. Como eu e o Alencar, que já temos 50 anos de idade, não podemos correr o risco de nos machucar com o palanque caindo, então quero pedir desculpa aos prefeitos de tê-los separado aqui do palanque oficial. Mas, como nós somos companheiros, nós estamos ligados por uma química. Não é esse fato que vai nos separar.

O comício teve um público abaixo do esperado. Eram 1.500 pessoas segundo a Defesa Civil, ou 3 mil, segundo o comitê da campanha da reeleição. Antes do evento, Lula vistoriou obras da BR-116 e, em seguida, subiu num jipe emprestado por um petista e desfilou pelas ruas da cidade. Ele pediu aos eleitores que ajudassem a eleger deputados dos partidos governistas. ?Vocês sabem o sacrifício que a gente sofre lá em Brasília.

O presidente abriu seu pronunciamento de 30 minutos brincando que ?tinha desaprendido de fazer comício?. ?Mas aqui, estou voltando aos velhos tempos. Fazer comício é como andar de bicicleta. Andou uma vez, nunca mais a gente desaprende.

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