Guido Mantega enfrenta resistência para nomear chefe da PGFN

Uma pilha com 54 cartas pedindo ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, que não nomeie para chefiar a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) "um dirigente sem vínculos" com a instituição foi protocolada hoje (5) no Ministério da Fazenda. Elas foram assinadas pelos chefes da Procuradoria em cada Estado (exceto o da Paraíba, que estava viajando), pelos procuradores-gerais adjuntos, pelos 11 coordenadores de área, pelos procuradores junto aos Tribunais Regionais Federais e pelos chefes de várias divisões seccionais da PGFN.

Esse foi o mais novo round da crise que ameaça se abater sobre o Ministério da Fazenda. Os procuradores signatários das cartas são contra a nomeação de Luís Inácio Lucena Adams para chefiar a PGFN. O próprio Adams confirmou ontem (4) que havia sido sondado por Mantega para assumir o posto.

"Sem embargo da inafastável prerrogativa do Ministro da Fazenda de escolher livremente todos os seu auxiliares, apelamos à sua sensibilidade no sentido de que tal escolha não sirva para estimular uma crise desnecessária na Instituição", diz o texto das cartas, às quais o Estado teve acesso. O texto se repete nas 54 cartas e não cita explicitamente o nome de Adams. Os procuradores esclarecem que não se trata de um movimento para manter a atual cúpula da PGFN, mas "em defesa da escolha de dirigentes que tenham efetivo compromisso com os valores sobre os quais se edificam a Instituição."

Mantega, porém, classificou a movimentação dos procuradores como "barulho em torno de algo inexistente." Questionado se havia convidado Adams para chefiar a PGFN, ele afirmou: "não convidei. Estou conversando com ele porque ele é secretário-executivo adjunto do Ministério do Planejamento, assim como tenho conversado com outras pessoas", disse. Ao ser lembrado que Adams estivera minutos antes no Ministério da Fazenda, Mantega ironizou: "Se vocês olharem as pessoas que passarem por aqui, vão dizer que o Delfim Netto é o próximo secretário de Política Econômica." O deputado e ex-ministro também havia estado com Mantega.

Equipe

O ministro disse que "está pensando" sobre quem nomeará para a PGFN. No caso da Receita, porém, a questão parece estar resolvida. Ao ser perguntado se o atual titular, Jorge Rachid, continuará no posto, Mantega respondeu: "provavelmente ele fica " Fontes haviam antecipado na sexta-feira, que Rachid foi convidado a permanecer no posto e aceitou. Outro integrante da equipe que deverá permanecer no cargo é o secretário de Assuntos Internacionais, Luiz Awazu Pereira da Silva.

"Tenham calma", pediu Mantega, diante das insistentes perguntas quanto à composição de sua equipe. Ele já avisou aos assessores que não anunciará nomes antes da sexta-feira, pois alguns secretários estão fora de Brasília e ele quer a equipe completa para anunciar os nomes.

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