Governo complacente

Poucas empresas devem muito à Receita Federal e a ordem do governo é cobrar sem a menor complacência o montante que deixou de entrar nos cofres públicos, nos útimos anos. Menos de três mil processos selecionados pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional perfazem o elefantino débito de R$ 75 bilhões.

Esse dinheiro foi retido por muitas empresas que já fecharam as portas, como a Asia Motors, uma montadora coreana de automóveis que sequer deixou representante no País, mas ocupa o 19.º lugar entre as empresas inadimplentes, com o rombo de R$ 1,167 bilhão. Os 25 procuradores escolhidos para compor o grupo de elite estão fazendo tudo o que é possível de acordo com a legislação para cobrar a dívida.

Dentre as empresas que mais devem, algumas são bastante conhecidas do público em face de sua ampla exposição. Um dos melhores exemplos, não fosse pelo valor devido à Receita Federal, é a Varig, a mais tradicional empresa aérea do País, cuja dívida chega a R$ 1,598 bilhão. A Transbrasil, paralisada há vários anos, está também inscrita entre os maiores devedores da União, responsável pela quantia de R$ 1,322 bilhão.

O Banco Econômico, da família Calmon de Sá, e o Banco Nacional, dos Magalhães Pinto, assim como a Vega Sopave, Engesa, Encol, Proconsult, Eletropaulo e Cesp, de igual forma integram a desconfortante lista de empresas que têm contas a acertar com a Receita.

Não se pode reduzir o efeito das crises econômicas sobre o desempenho de muitas empresas, como também é justo reconhecer a administração fraudulenta, prejudicial e mal-intencionada de algumas, como fonte indutora da inadimplência. Muitos são os casos de empresários que deixaram de recolher a contribuição previdenciária sobre os salários de seus empregados, bem como os depósitos do FGTS, ou a simples sonegação de tributos.

A Procuradoria Geral da Fazenda Nacional chegou ao inacreditável valor de R$ 250 bilhões para fechar o volume da dívida ativa da União. Valor que nem os procuradores acreditam que venha a ser cobrado, tendo em vista a reduzida média anual de R$ 2 bilhões recambiados ao erário.

Dinheiro precioso para a melhoria de hospitais e escolas públicas, para portos e rodovias, produção e distribuição de energia elétrica, entre outras necessidades primárias.

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