Europeus tentam convencer governo brasileiro do padrão da TV digital

Embaixadores de seis países da Europa reuniram-se nesta segunda-feira com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e com o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, para afirmar que têm interesse em implantar uma fábrica de semicondutores no Brasil. Eles disseram que vão atuar para que seja feita uma proposta formal do investimento, tal como quer o governo brasileiro.

Na quarta-feira, a ministra receberá os representantes da empresa franco-italiana ST Microeletronics, que seria a responsável pela nova fábrica. Os embaixadores acenaram com a possibilidade de buscar financiamento em seus países para viabilizar o investimento.

A reação dos europeus, numa disputa que era dada como ganha pelos japoneses, fez com que o governo adiasse a escolha da tecnologia de TV digital no País. Originalmente, os ministros envolvidos nas negociações dariam sua opinião na sexta-feira passada e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciaria a decisão no início desta semana. No entanto, a movimentação dos europeus animou os ministros a pedir a Lula mais tempo para negociar. O adiamento deverá ser de algumas semanas.

O ponto central da decisão passou a ser algo que não estava na mesa de negociações até há pouco tempo: a fábrica de semicondutores. Ela será o critério de "desempate" entre japoneses e europeus que, no mais, oferecem condições semelhantes de financiamento de para a compra de novos equipamentos por parte das emissoras e regras para pagamento de royalties.

Em troca da fábrica, o governo está disposto a reduzir o peso das avaliações técnicas que, até o momento, apontam a tecnologia japonesa como a melhor. Os negociadores acham que os japoneses levam vantagem porque sua tecnologia é a mais recente, portanto incorpora os avanços das demais. Mas nada impede que os europeus ou americanos atualizem sua tecnologia e, dessa forma, suplantem os japoneses.

Por enquanto, nem europeus nem japoneses apresentaram uma proposta formal para o investimento em semicondutores. Hoje, o ministro Furlan recebeu o embaixador do Japão, Takahiko Horimura e insistiu em receber uma proposta para a fábrica. Os japoneses analisam a possibilidade de fazer o investimento, mas ainda têm dúvidas. A principal dela seria a escala, ou seja, o tamanho do mercado brasileiro poderia não ser grande o suficiente para acomodar tal investimento.

A exigência da fábrica de semicondutores faz parte de um processo chamado offset. Uma decisão como a tecnologia da TV digital no Brasil abrirá um enorme mercado para o vencedor, seja ele japonês ou europeu. Portanto, é de se esperar que o País receba alguma vantagem em troca. No caso, o Brasil pede um investimento que será o passo inicial para um salto tecnológico. Técnicos admitem que essa discussão entrou atrasada no processo, que originalmente só se preocupou com a questão tecnológica.

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