Estilo “paz e amor” de Lula rompe fronteiras

O estilo “paz e amor” do presidente Luiz Inácio Lula da Silva enlouquece os seguranças, mas o torna admirado até mesmo no exterior por um leque ideológico que vai da direita à esquerda. “Precisamos de um Lula mundial!”, exclamou o falante Fausto Bertinotti, presidente do Partido da Refundação Comunista da Itália, na terceira edição do Fórum Social Mundial, em Porto Alegre. “Posso lhe dar um abraço?”, perguntou dias depois, em Paris, o austero alemão Horst Köhler, diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI).

O presidente que nasceu no sertão pernambucano e sempre teve o hábito de escancarar suas emoções agora quer abraçar o mundo. Sabe que seu capital político permite a descontração e a quebra de protocolo. “Nós esperamos muito por esse momento”, afirma.

Na campanha, Lula não deixava um comício sem distribuir autógrafos, beijos e abraços para lá de apertados. No Planalto, segue o mesmo estilo. Teme a solidão do poder. “Isso é da índole dele”, diz Frei Betto, amigo e assessor especial.

Nem mesmo a torta de morango com chantilly atirada no rosto do presidente do PT, José Genoino, quando ele defendia a viagem de Lula a Davos, serviu para reforçar o esquema de segurança. “Não dá para blindar o Lula nem para colocá-lo numa redoma”, argumenta Frei Betto. “Existe uma empatia muito grande da população e não queremos perder isso.”

No meio político, há quem aposte que o estilo Lulinha paz e amor “não dura até a próxima canjica”, numa irônica referência às festas juninas. Adversários alegam que a frustração virá com as dificuldades econômicas e o crescimento do desemprego. Brincalhão, Lula diz que todos são profetas do apocalipse. “Governar é como participar de uma maratona: você não pode começar a 80 quilômetros por hora porque o fôlego acaba na primeira esquina”, compara. “É preciso dar passos firmes para terminar o governo com o dever cumprido.”

Voltar ao topo