Usuários reclamam de problemas com planos de saúde

A técnica em processamento de dados Carmem Dogunski, de Curitiba, paga há quinze anos um plano de saúde para a mãe, que recebe pouco mais de um salário mínimo e tem 77 anos de idade. No último mês de maio, ela levou um susto ao perceber que as mensalidades tinham passado de R$ 250 para R$ 301. ?Como minha mãe já é uma pessoa de idade, fiz um plano completo, que sai bem mais caro que um plano básico. Embora ela esteja bem de saúde, não quero parar de pagar?, afirma. ?Entretanto, achei absurdo o valor da mensalidade subir tanto, pois não tive aumento de salário. Além do plano, tem o dinheiro que vai na compra de remédios e os gastos mensais com saúde, que acabam sendo altos?.

Carmem não está enfrentando o problema sozinha. Está cada vez mais difícil manter um plano de saúde. Os valores das mensalidades são considerados altos, o que impossibilita que as camadas menos abastadas da população tenham acesso à saúde privada. Uma pesquisa realizada recentemente pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e divulgada pela Associação Médica Brasileira mostra que apenas 7,2% das pessoas mais pobres possuem plano de saúde. Entre os mais ricos, a percentagem é de cerca de 80%.

Ainda de acordo com a pesquisa, a parcela mais rica da população tem um gasto mensal privado com saúde ?25 vezes maior (R$ 133,04) que a classe menos favorecida da população (R$ 5,36), que gasta 64,6% (R$ 3,46) desse valor com medicamentos, contra 20,6% da classe alta (R$ 27,36)?. Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese), em média 1,45% do total de gastos anuais dos moradores de Curitiba é com plano de saúde.

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) fixou em 11,75% o teto máximo de reajuste anual dos planos. Em 2002, conforme o Dieese, as mensalidades subiram 8,41% no Brasil e 8,29% em Curitiba. No ano passado, o aumento foi de 8,63% em nível nacional e 8,57% na capital paranaense, fazendo com que diversas pessoas se vissem impossibilitadas de arcar com a despesa.

Usuários

Outro caso exemplar é o do engenheiro Daniel Domamski, de 45 anos de idade e também morador de Curitiba, que paga plano de saúde desde 1998. Atualmente, suas mensalidades são de R$ 342, pagas com bastante sacrifício. ?Fiz o plano para não precisar ficar dependendo do SUS (Serviço Único de Saúde). Estou satisfeito com os serviços que me estão sendo prestados, mas não com as mensalidades, cujos reajustes são sempre acima dos valores que recebo como aumento salarial?, comenta.

Embora já acostumado com os procedimentos adotados pela sua operadora de saúde, Daniel já pensa em procurar um novo plano, cujas mensalidades sejam mais adequadas à sua condição financeira. ?Já estou acostumado com alguns médicos que atendem pelo meu plano e sei que vai ser difícil mudar. Além disso, vou ter que negociar uma suspensão ou redução do tempo de carência do novo plano, mas se as mensalidades do meu continuarem tão altas não vai ter outro jeito.?

Procon

Segundo o Procon-PR, a maior quantidade de queixas realizadas sobre planos de saúde são referentes justamente aos valores cobrados. Do início de janeiro até a última quarta-feira, o órgão realizou 370 atendimentos de dúvidas sobre cobranças, 359 por não cumprimento de contrato e 105 relativas a aumentos de mensalidades.

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