Tomate sobe e deixa cesta básica mais cara

A cesta básica do curitibano fechou o ano de 2008 com alta de 22,52% (valor de R$ 229,39), a maior variação desde 1994, ano da implantação do real. Em dezembro, não fosse a elevação costumeira do tomate, que no mês registrou aumento de 24,44%, a cesta – que teve percentual positivo de 0,61% no mês – teria registrado deflação no último mês do ano. As informações foram divulgadas ontem pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Na comparação com as demais capitais pesquisadas pelo Dieese, o preço dos alimentos em Curitiba, entretanto, teve a terceira menor variação, a mesma registrada em Vitória (0,61%), atrás apenas de Belém (0,29%) e São Paulo (0,35%).

A cesta básica curitibana ficou em sétimo lugar entre as mais caras do País. Recife é a capital onde os alimentos são os mais baratos, com um preço médio de R$ 183,61 para a cesta básica.

No ano passado, em todo o País, a cesta básica teve aumento superior a 20% em 9 das 16 capitais pesquisadas pelo Dieese. A maior alta no custo dos alimentos foi verificada em João Pessoa (29,31%), seguida por Natal (26,73%), Florianópolis (25,26%) e Fortaleza (24,61%).

A cesta básica de João Pessoa também teve a maior alta de dezembro, com variação de 14,71%. As menores variações no ano passado foram verificadas em Belém (4,76%), Goiânia (10,61%), São Paulo (11,58%), Belo Horizonte (12,43%), e Aracaju (12,92%). Todas as capitais pesquisadas tiveram alta no custo dos alimentos em dezembro.

O tomate novamente foi o vilão entre os 13 itens pesquisados pelo Dieese. A alta no preço do produto foi uma tendência verificada em todo o País. O clima chuvoso nas regiões produtoras e o alto custo de produção pressionado pelo preço dos fertilizantes teriam sido o motivo da variação expressiva do produto. Em Curitiba, o produto, que já vinha de uma variação de 14,21% no mês anterior, fechou dezembro com alta de 24,44%, com preço médio de R$ 2,80. Em 2008, o tomate também teve a maior variação, com alta de 122,22%.

De acordo com o economista do Dieese, Sandro Silva, existe uma perspectiva de recuo no preço do tomate. “O tomate vem subindo desde outubro, acumulando 60% nos últimos três meses. Para as próximas semanas entra um período de safra, o que deve contribuir para uma queda nos preços”, comenta.

Na sequência dos produtos com maiores altas, seguem a manteiga e o café, com 3,77% e 3,44% respectivamente. Já entre os itens que pressionaram o índice para baixo, a banana foi a que apresentou a maior variação negativa, com queda de -9,12%, seguido do açucar (-6,20%) e do feijão (-3,73%).

A variação da cesta básica de Curitiba fecha 2008 com alta três vezes maior do que a previsão da inflação no ano passado. A inflação medida pelo INPC, que até novembro fechava o ano com 6,17%, estava estimada em 6,70% para 2008. Já para o IPCA, que até novembro registrou inflação de 5,61%, a variação anual estava prevista para 6,27%.

Salário mínimo

A cesta básica de Porto Alegre continua a ser a mais cara do País, com custo de R$ 254,86. Com base nesse valor, o salário mínimo do trabalhador brasileiro deveria ser de R$ 2.141,08, 5,16 vezes maior que o atual mínimo, de R$ 415,00, para que pudesse suprir as despesas com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência. Após o desconto equivalente à Previdência Social, a cesta básica compromete 57,18% do salário mínimo líquido do trabalhador.