Superintendente da ANP questiona reajuste trimestral do gás

O reajuste trimestral no preço do gás natural da Petrobras, previsto para ser repassado em 1º de outubro para as distribuidoras, foi questionado pelo superintendente de comercialização e movimentação de gás natural da Agência Nacional do Petróleo (ANP), José Cesário Cecchi. De acordo com a Petrobras, os cálculos apontam uma alta de até 21%. ?Não é de interesse para a Petrobras aumentar este custo do combustível, numa hora em que precisa elevar a demanda?, argumentou.

Ele lembrou que a Petrobras tem um excedente de gás natural, tanto de produção própria (com a redução da queima para 4,5% do total), como importado da Bolívia, que não possui destino certo. Segundo ele, o contrato entre Brasil e Bolívia para o uso do gás natural prevê que parte do que não for consumido em determinado período seja utilizado posteriormente.

Mesmo assim, o pagamento pelo gás vindo da Bolívia terá que ser feito antecipadamente. O acordo previa inicialmente que o Brasil estaria consumindo 30 milhões de metros cúbicos do gás natural boliviano até 2008, prazo que foi antecipado para 2003 por conta da retração nos investimentos das térmicas. ?Hoje este consumo é de 17 milhões de metros cúbicos e é praticamente certo que este contrato não será cumprido.?

Segundo o especialista, com a liberação de preços no mercado não há motivos para a Petrobras seguir a determinação de reajustar os preços a cada três meses. ?Por que não há o repasse da oscilação cambial e dos preços internacionais para a gasolina também? Como o próprio presidente da estatal (Francisco Gros) já sinalizou, os aumentos só ocorrerão quando for conveniente para a empresa. Ou seja, há interesse em mantê-los sem alteração neste momento. Por que não fazer o mesmo com o gás natural, garantindo a expansão da demanda??, comentou.

Cecchi defendeu ainda a ?necessidade governamental de ação rápida, associando políticas ambientais de restrição ao uso de óleos pesados e do coque de petróleo com a redução do custo do gás natural para o consumidor final?. ?Mesmo com preços superiores aos do óleo combustível, é preciso considerar no caso do gás natural um fator prêmio, ou seja, as vantagens de sua utilização, tanto com relação ao aspecto ambiental, quanto pela segurança de manipulação.?

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