Soja transgênica do Paraná será escoada por Santa Catarina

O Porto de São Francisco, em Santa Catarina, deve receber uma carga de 19 toneladas de soja transgênica cultivada no Paraná. A exportação pelo Porto de Paranaguá está proibida e os produtores decidiram enviar o produto para o porto mais próximo. A informação está contida em boletim distribuído ontem pela Cooperativa dos Cafeicultores e Agropecuaristas de Maringá (Cocamar).

A soja, de três lavouras, ainda está sendo colhida no município de Coronel Vivida, a 400 quilômetros de Curitiba, no sudoeste do Paraná. Outras seis lavouras com transgênicos vêm sendo acompanhadas por fiscais da Secretaria da Agricultura (Seab) na região.

De acordo com o agrônomo e fiscal da Seab, núcleo de Pato Branco, Rudmar Pereira Santos, os produtores assinaram o termo de compromisso, por isso as lavouras puderam ser cultivadas, embora sejam monitoradas. A fiscalização continua na propriedade, com a exigência de erradicação de eventuais plantas voluntárias. Ao mesmo tempo, a secretaria coletou amostras para detectar resíduos de glifosato.

Segundo Santos, os agricultores estão cientes de que podem sofrer penas, pois o uso do produto não está legalizado.

Rotulagem

Desde ontem, produtos que contenham ou sejam elaborados com ingrediente à base de soja transgênica só poderão ser comercializados se trouxerem no rótulo informações sobre a presença do organismo geneticamente modificado. A regra vale para alimentos destinados ao consumo humano ou animal, e o descumprimento pode implicar multa de até R$ 3 milhões ou apreensão do produto. O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, afirmou que o prazo não vai ser prorrogado. O prazo para a nova rotulagem venceu inicialmente em fevereiro, mas o governo acabou adiando a aplicação da regra por mais um mês.

Para produtos contendo acima de 1% de soja transgênica, será obrigatória a impressão nos rótulos de um “T” estampado dentro de um triângulo. Alimentos à base de soja transgênica relativa à safra colhida em 2003 estão livres dessa exigência. Para a safra colhida neste ano, o símbolo será obrigatório.

“Para os produtos importados também não há exceção”, explicou o diretor do Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC), Ricardo Morishita. Ele acrescenta que, embora não haja a exigência do “T” para os alimentos da safra colhida no ano passado, ainda assim os rótulos deverão trazer informações sobre a presença de soja transgênica.

Fiscalização

O Ministério da Agricultura terá R$ 3,4 milhões para fiscalizar o cultivo e a comercialização de produtos transgênicos. Outros R$ 4 milhões serão liberados para a contratação temporária de 450 agentes de inspeção sanitária.

Paraná já colheu 65% da soja

A colheita, favorecida pelo clima seco dos últimos dias, desenvolve-se em ritmo intenso e já se aproxima do final nas regiões Oeste, Noroeste e Centro-Oeste do Estado. Na última semana foram colhidos 15,7% da área (cerca de 600 mil hectares) chegando a 65% de toda a produção. Segundo o Deral – Departamento de Economia Rural da Secretaria da Agricultura, resta pouco mais de 1,4 milhão de hectares a serem colhidos em áreas onde as lavouras estão na fase final de frutificação e em maturação.

De acordo com a engenheira-agrônoma Vera Zardo, os agricultores estão aproveitando as excelentes cotações da soja no mercado internacional, acelerando as vendas. Na última semana, com a venda de 470 mil toneladas, a comercialização superou o nível de 30%.

A previsão do Deral é de que a safra paranaense de grãos 2003/2004 fique entre 26,18 e 27,77 milhões de toneladas, uma redução de 10,9% sobre o recorde colhido em 2002/2003, que foi de 30,28 milhões de toneladas. As chuvas registradas no período de 12 a 14 de março passado amenizaram um pouco o quadro de estiagem observado na maioria das regiões do Estado, porém, foram insuficientes para restabelecer a umidade desejada e recompor o nível de água de fontes e riachos.

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