Quatro meses para pagar impostos

Arquivo
Gilberto Luiz Amaral, do IBPT: 146 dias de trabalho para o governo.

São Paulo – O brasileiro terá de trabalhar ainda quase um mês só para pagar impostos. Em 2007, a carga tributária municipal, estadual e federal deverá tomar de cada um o rendimento equivalente ao trabalho de 1.º de janeiro a 26 de maio pelos cálculos do presidente do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), Gilberto Amaral. Serão 146 dias. ?Um a mais que no ano passado?, lembra Amaral. Há dois anos, eram necessários 140 dias.

Entre todas as taxas e contribuições, o que mais pesou na conta foram acréscimos nos valores de siglas bem conhecidas: nos municípios, o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU); e nos estados, o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) e sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), segundo Amaral. Como o cálculo considera a tributação sobre a renda, o patrimônio e o consumo, o crescimento da formalização do trabalho e a elevação no teto de contribuição para o INSS – por conta do aumento do salário mínimo – também tiveram influência.

E a conta cresce a cada ano. A previsão é de que cerca de 40,01% dos rendimentos dos brasileiros sejam abocanhados pela cobrança de impostos neste ano, contra 39,72% em 2006, de acordo com o presidente do IBPT. ?Isso vai continuar até a sociedade tomar atitudes mais fortes e exigir uma diminuição?, diz. ?Agora, por exemplo, é muito provável que a vigência da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) seja prorrogada. Uns reclamam, mas a massa não tem consciência e fica passiva.?

A relação entre a carga tributária brasileira e o Produto Interno Bruto (PIB) – soma de toda a riqueza produzida no País durante um ano – mostra o peso dos impostos. No ano passado, a proporção foi de 35,21%, maior que dos países emergentes e de outros como Estados Unidos, Japão e Canadá, segundo Amaral. ?No México, país comparável com o Brasil, a relação fica entre 18% e 19%. Lá, os serviços públicos não são melhores que os nossos, mas também não são piores.?

Até sexta-feira (27), a arrecadação das três esferas de governo desde janeiro já passava dos R$ 290 bilhões, de acordo com as contas do Impostômetro, o Sistema Permanente de Acompanhamento das Receitas Tributárias, disponível no site www.impostometro com.br. No mesmo dia do ano passado, o montante recolhido ficou em torno de R$ 270 bilhões. Nos primeiros minutos do dia 1.º de maio, o Impostômetro marcará R$ 300 bilhões, valor atingido, em 2006, dez dias mais tarde. O medidor dos impostos, idealizado pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e desenvolvido pelo IBPT, considera 62 tributos diferentes e faz o cálculo segundo a segundo.

Voltar ao topo