Proposta para regulamentação da pesca

Brasília (ABr) O Brasil apresenta, na próxima semana, durante a reunião da Organização Mundial do Comércio (OMC), em Genebra (Suíça), a proposta para a atividade pesqueira no mundo, que trata da regulamentação dos subsídios ao setor, da regulação do comércio internacional, da produção e dos estoques nos oceanos.

De acordo com o ministro da Secretaria Especial de Aqüicultura e Pesca, Altemir Gregolim, o país tem buscado o equilíbrio para contemplar tanto os países desenvolvidos, que mantém subsídios altos, quanto os países em desenvolvimento, que ainda não conseguiram o investimentos suficiente para garantir o crescimento e a infra-estrutura do setor.

?Ela propõe um tratamento diferenciado aos subsídios, ou seja, restringe o volume para os países desenvolvidos e permite a concessão de subsídios aos países em desenvolvimento, como por exemplo, para a construção de embarcações, a subvenção do óleo diesel e a pesca artesanal?, disse, em entrevista hoje (4) à Rádio Nacional. ?É uma proposta equilibrada, que tem simpatia de países, como Estados Unidos, Canadá, Austrália, Japão, da maioria dos países em desenvolvimento, como Chile, Argentina, Peru, e de alguns países africanos?, acrescentou.

Segundo Gregolim, as regras direcionadas atualmente à regulamentação do comércio de produtos industriais e agrícolas não abrangem a realidade da pesca. ?Porque a pesca, além do comércio, tem um caráter único, que é o fato de o peixe ser um recurso comum, ou seja, na medida que um país subsidia ou aumenta o seu esforço de pesca, ele está interferindo no aumento da captura de um pescado e restringindo ou reduzindo a possibilidade de um outro país pescar esse mesmo pescado por se tratar de um recurso comum?, observou.

Deste modo, acrescentou o ministro, a preocupação é que os subsídios garantam a sustentabilidade do setor. Em outras palavras, que eles não gerem distorção no comércio do pescado e assegurem, ao mesmo tempo, os estoques nos oceanos. ?Hoje, em nível mundial, em torno de 65% dos estoques pesqueiros já estão esgotados. E a Organização Mundial de Comércio ainda não tem regras que possam ordenar essa situação?, ponderou.

Na avaliação do ministro, a iniciativa de regulamentação que a OMC adotou a partir de 2001 é estratégica, na medida em que pretende definir as regras para uma das principais das razões do esgotamento dos estoques: os ?altos subsídios? concedidos pelos países desenvolvidos. Isso, segundo ele, permitiu a esses países estruturar uma indústria pesqueira ?extremamente forte?, que esgotou grande parte dos estoques nos países desenvolvidos. Por essa razão, hoje, os países desenvolvidos ?fazem a pesca em águas internacionais, muitas vezes entrando em zonas econômicas exclusivas de outros países?.

Gregolim ressaltou que o Brasil quer um comércio ?justo?, que mantenha o nível de estoque nos oceanos sem distorção na produção. 

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