Proposta do Brasil sobre Mercosul na OMC é criticada

Estados Unidos e União Européia reagiram com indignação à idéia do Itamaraty de pedir flexibilidades ao Mercosul na Organização Mundial do Comércio (OMC). "O Brasil quer virar a Organização Mundial do Comércio (OMC) de cabeça para baixo", acusaram EUA e UE, alertando que o organismo não local para se resolver questões sobre blocos regionais.

O Itamaraty propôs concessões para permitir que os países do Mercosul mantivessem barreiras aos produtos industriais. O diretor da OMC, Pascal Lamy, advertiu que as leis multilaterais se sobrepõem aos acordos regionais e que os membros desses blocos precisam chegar a um entendimento. O embaixador do Brasil na OMC, Clodoaldo Hugueney, afirmou que se o País tivesse de optar entre a Rodada de Doha e o Mercosul, ficaria com o Mercosul. "Não temos dúvida disso. Para nós, o fundamental é ter flexibilidades", afirmou.

Os comentários do diplomata brasileiro tiveram impacto forte em Genebra. "O que significa isso? Nós então ficaremos com a União Européia", afirmou o embaixador europeu na OMC, Eckhart Gutt. A Comissão Européia deixou claro que não aceitará concessões ao Mercosul. Pela proposta, uniões aduaneiras poderiam escolher um número maior de setores que seriam isentos de liberalização.

O embaixador dos Estados Unidos na OMC, Peter Allgeier, teve uma reação similar. "O Mercosul ainda não é uma união aduaneira completa e são eles mesmos que dizem isso", disse. Ele foi categórico ao afirmar que não aceitará que a situação em um bloco seja colocada acima das regras multilaterais. "O Mercosul precisa decidir o que vai fazer. Essa proposta é oposta à tudo o que a OMC significa e é contraditória aos objetivos do sistema", afirmou.

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