Presidente do BC diz que risco de descontrole não subsiste

Rio ? O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse ontem ao abrir o seminário “Política Monetária: Choques e Eficácia” que “o risco de descontrole inflacionário não subsiste mais”. Ele informou que a média das expectativas do mercado financeiro para a inflação dos próximos 12 meses, de 6,75%, está compatível com a trajetória para as metas ajustadas para o período, que é de 7,2% nos 12 meses até maio do ano que vem e de 7% até junho de 2004. A deflação de 0,15% no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de junho “faz parte da convergência da inflação para a trajetória das metas”.

A pouco mais de cinco meses do fim do ano, Meirelles informou que o BC está baseando suas ações atualmente no centro da meta para 2004, que é de 5,5%. Ele não quis comentar, porém, se esse fato, combinado à coincidência das expectativas com a trajetória das metas do governo, pode levar a uma redução dos juros. “Nós, do BC, só fazemos projeção sobre trajetória de inflação, não sobre trajetória de juros”, disse.

O economista-chefe do Unibanco, Alexandre Schwarts- man, que também participou do seminário, estima uma queda de 1,5 ponto porcentual na taxa básica de juros, na reunião do Copom deste mês.

Segundo ele, os juros vão recuar em seis pontos porcentuais até o final deste ano, mas isso vai depender da evolução das expectativas de inflação e das próprias taxas inflacionárias e, ainda, se haverá choques externos negativos ou até mesmo positivos. Schwartsman disse que o País poderá voltar a crescer de maneira sustentável, já que as expectativas “estão sob controle”.

Para consultor do banco BBA Edmar Bacha, a economia começará a acelerar o crescimento a partir do quarto trimestre deste ano, e aumentará o ritmo de expansão ao longo de 2004, chegando ao final do próximo ano com uma taxa de crescimento anualizada de 4%. Na avaliação de Bacha, Schwartsman e outros economistas que participaram do evento, a política monetária do novo governo se revelou bastante eficaz. O ex-presidente do BC e professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Affonso Celso Pastore destacou que a política monetária “trouxe a inflação para baixo, mesmo com recessão”. Já o professor da PUC-Rio, Dionísio Dias Carneiro, foi enfático de que o tema não deveria nem estar em discussão. De acordo com ele, a taxa de juros reais é extremamente eficaz mas, como é o “instrumento único” da política monetária, está desgastada.

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