Dieese

Preços da cesta básica caíram quase 10%

Curitiba iniciou o semestre com a terceira maior queda do País nos preços dos produtos da cesta básica, conforme divulgou, ontem, o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

O valor da cesta caiu, em julho, 4,86%, e ficou em R$ 216,11. Já é a terceira retração seguida nos preços, que nos últimos três meses caíram 9,47%. No ano, porém, ainda há alta acumulada de 2,02%.

Em 12 meses, o índice é de 4,55% – bem próximo à inflação do período (4,76%). Em termos de preços, a capital paranaense tem a oitava cesta básica mais barata do País.

O tomate foi o maior responsável pela baixa na cesta básica curitibana, em julho. O produto, que tinha ficado 5,33% mais caro em junho, teve queda de 24,05% no mês passado. De acordo com o economista Sandro Silva, do Dieese, o item barateou em todas as capitais pesquisadas.

“Há uma pequena safra do produto nessa época, que acaba aumentando a oferta e diminuindo os preços”, explica. A segunda maior queda nos preços em Curitiba foi da banana, que ficou 16,95% mais barata em julho, logo depois de uma alta de 8,26% um mês antes.

Já o açúcar, que teve a terceira maior baixa (7,18%), está confirmando a trajetória de quedas nos preços que vem acontecendo desde abril. Nesse período, que coincide com o início da safra da cana, os preços do produto já caíram 24%, segundo o Dieese.

“Os preços até demoraram um pouco para cair. As quedas mais expressivas foram mesmo nos últimos dois meses”, observa Silva. No ano, o açúcar acumula queda de 4,23%. Em 12 meses, porém, o item ainda é o que acumula a maior alta: 24,83%.

Outro produto que vem barateando nos últimos meses é o leite, que teve a quarta maior queda de julho (4,02%), logo após baixa de 1,45% em junho. Em 12 meses, o item é o que acumula a maior baixa (11,16%). Porém, no acumulado entre janeiro e julho ainda é observada alta, de 20,89%.

Tendência

A queda nos preços da cesta básica em julho foi tendência nacional, de acordo com Silva. Das 17 capitais em que o Dieese faz a pesquisa, houve deflação em 16. Apenas Belém teve uma tímida alta (0,05%).

As duas quedas que superaram a taxa curitibana aconteceram no Rio de Janeiro (-6,60%) e Belo Horizonte (-5,86%). No valor da cesta, Curitiba continua em uma posição intermediária (oitavo lugar). Os itens mais caros estão em São Paulo (R$ 239,38) e os mais baratos, em Aracaju (R$ 181,04).

Apesar das baixas nos preços do mês passado, Silva lembra que a cesta básica ainda acumula alta na maioria das capitais. Nesse quesito, apenas dois locais – Brasília e Rio de Janeiro -apresentam queda. A taxa de Curitiba é a sexta menor entre as capitais pesquisadas. A maior está em Recife (17,23%).

Frio

Na análise de Silva, a queda na cesta básica em julho mostra que os itens alimentícios devem pressionar a inflação do mês para baixo. “Com certeza os alimentos vão amenizar a inflação”, conclui.

Porém, segundo o economista, a maior possibilidade é de que, em agosto, as quedas comecem a ser revertidas, independentemente da influência do frio. Segundo ele, como a maioria dos produtos – uma exceção é o trigo – está em período de entressafra, a tendência é de diminuição na oferta.