Petrobras e Vale perdem espaço na carteira teórica e refletem momento do mercado

Ao mesmo tempo em que os bancos têm no maior valor de mercado um impulso para que o setor financeiro ganhe peso no Ibovespa, as estatais vivem o movimento contrário ao perderem valor como reflexo da ingerência política, que sempre permeou a volatilidade desses papéis. No epicentro dessa destruição de valor de mercado está hoje a Petrobras. O papel PN, que chegou a concentrar 18,38% do Ibovespa em janeiro de 2003, passou para uma participação prevista de 5,542% na carteira que vai vigorar de janeiro a abril.

“Acredito que esta carteira seja a fotografia do momento, dado que este índice se molda melhor ao que está acontecendo no mercado”, disse uma fonte que preferiu não ser identificada, lembrando que Petrobras vem caindo muito devido à gestão e ao declínio das cotações do petróleo. A fonte lembrou que Vale também vem perdendo peso em razão da queda do preço do minério de ferro. Segundo o profissional, no índice anterior a quantidade teórica de Petrobras e Vale aumentariam com esta queda.

Na comparação com a carteira de setembro a dezembro, Petrobras ON recuou de 5,534% para 3,529% e Petrobras PN de 8,700% para 5,542%. O valor de mercado da Petrobras era de mais de R$ 162 bilhões até o fechamento da semana passada, montante 28,2% menor que o visto em um ano, segundo dados do Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.

“A participação da Petrobras no Ibovespa tende a reduzir ainda mais no futuro, considerando a conjuntura contra e a expectativa de redução de valor de mercado da companhia, que pode oscilar fortemente em função dos possíveis desdobramentos do processo movido pela Securities and Exchange Commission (SEC)”, diz um gestor.

Segundo ele, o mesmo pode resultar na suspensão de negociação dos ADRs da companhia na bolsa de NY, o que poderia implicar na forte redução de exposição de investidores estrangeiros que possuem ações da petrolífera. O gestor também cita a trajetória cadente do preço do barril de petróleo no mercado internacional que, dependendo do patamar, pode, inclusive, inviabilizar os investimentos no Pré-Sal por conta do custo de extração, ainda que em um primeiro momento, a queda nos preços internacionais favoreça a cia.

Além de Petrobras, a participação de Vale PNA também caiu, passou de 4,503% para 4,029% e a ON de 3,394% para 3,155%. A queda do preço do minério de ferro em 2014 é uma das vertentes que dita a desvalorização dos papéis. Em novembro, o preço do minério está em cerca de US$ 70 a tonelada no mercado à vista chinês, contra US$ 135 a tonelada registrado no início de janeiro.

No setor elétrico, o destaque foi a saída das ações PN da Eletropaulo da primeira prévia para o Ibovespa de janeiro a abril de 2015. A companhia tinha participação de 0,088%, segundo a carteira válida de setembro a dezembro deste ano.

A exclusão das ações já era esperada pelo mercado, segundo relatórios divulgados pelo BTG Pactual e Itaú BBA. Um operador comentou que a saída segue critérios técnicos, já que os papéis não supriram os critérios de liquidez e negociabilidade (free float) mínima para justificar sua manutenção no índice. O setor elétrico possui peso de 4,199%, segundo a prévia divulgada hoje. Na carteira anterior, a participação era de 4,531%.

A nova metodologia do índice entrou em vigor a partir de maio último e dá um peso relevante para o valor de mercado das empresas. Na regra antiga, o maior peso das variáveis era a negociabilidade, que por sua vez era muito influenciada pela liquidez do papel. O primeiro grande teste para a nova metodologia se deu no primeiro pregão após a confirmação da reeleição da presidente Dilma Rousseff. Naquele dia, os papéis de estatais, que formam o que o mercado batizou de “kit eleições, caíram forte em resposta ao resultado das urnas, mas o fato de terem uma exposição menor no indicador evitou que o índice baixasse mais ou até uma interrupção do pregão, o chamado circuit breaker que é acionado quando o Ibovespa atinge desvalorização de 10%.

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