Mercado sinaliza calma e dólar fecha em queda

O dólar fechou, ontem, em baixa pelo segundo dia consecutivo, influenciado pela ação maciça do Banco Central dentro e fora do país e também por uma melhora das expectativas em relação à transição presidencial. A moeda norte-americana recuou 3,98% e encerrou a R$ 3,61 para venda e R$ 3,60 para compra, retornando ao nível em que operava na segunda-feira da semana passada. Em dois dias, a moeda caiu 7% em relação a seu fechamento recorde, R$ 3,88, registrado na sexta-feira. Enquanto isso, o risco-país brasileiro cai 5,9% para 2.225 pontos, e o C-Bond, principal título brasileiro da dívida negociado no exterior, sobe 3,55% para 51% do valor de face.

A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) começou outubro em alta de 4,34%, com a ajuda do desempenho positivo do mercado acionário americano e da disparada das ações da Petrobras.

A valorização expressiva do índice reflete apenas um ensaio de recuperação das cotações, após o “setembro negro”, quando o Ibovespa acumulou perdas de 14% (veja matéria nesta página).

Tudo isso aconteceu no dia em que circularam pelo mercado rumores sobre novo avanço do candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva. O comportamento do mercado diante dessa notícia é no mínimo inusitado, já que em outras ocasiões, rumores semelhantes ajudaram o dólar a subir.

Segundo operadores, as recorrentes declarações de apoio a Lula nos últimos dias por parte de empresários e banqueiros e elogios por parte do FMI (Fundo Monetário Internacional) ao petista, levaram o mercado a projetar a transição governamental com menos catastrofismo, mesmo que Lula vença as eleições no primeiro turno.

Com isso, e também com a percepção sobre o atual nível do dólar, considerado exagerado e não condizente com os fundamentos econômicos do país, alguns investidores resolveram vender dólares e diminuir a exposição ao câmbio temendo que a moeda caia. Instituições que compraram dólares em 31 de agosto e venderam ontem embolsaram um lucro de 25%.

Ajuda do BC

Segundo operadores, o Banco Central teria vendido dólares junto às mesas de câmbio pela manhã, no momento em que o dólar subia 1,06%.

Além disso, o BC também estaria comprando desde ontem C-Bonds no exterior, melhorando a cotação do papel e afetando positivamente o risco-país, que opera sobre o mercado de dívida.

Bolsa recupera perdas

A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou ontem em alta de 4,34%, com o Índice Bovespa em 8.997 pontos. O volume financeiro foi de R$ 463,5 milhões. A bolsa paulista operou em alta durante todo o dia, recuperando parte das expressivas perdas de setembro (-16,9%). A recuperação foi possível diante do otimismo no mercado externo, onde as bolsas dispararam.

Apesar da valorização, analistas não esperam que a bolsa brasileira tenha uma recuperação vigorosa antes da definição em torno do próximo governo. Telemar PN, ação mais negociada da Bovespa, teve alta de 3,13%. Já Petrobras PN, segunda mais negociada, disparou 7,50% e foi grande colaboradora do desempenho. Entre as ações que fazem parte do Ibovespa, as maiores altas foram de Petrobras ON (+10,1%) e Gerdau PN (+8,9%). A queda do dólar derrubou os papéis das empresas exportadoras, cuja receita é apurada em moeda estrangeira. Lideraram as quedas do Ibovespa Aracruz PNB (-6,8%) e Vale do Rio Doce PNA (-3,6%).

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