Mantega vê menos oscilação do câmbio em ano eleitoral

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse hoje que o câmbio no Brasil ficou menos volátil, “o que é uma novidade em ano eleitoral”. Segundo ele, essa menor variação do real ante o dólar é positiva para a economia brasileira. No boletim Economia Brasileira em Perspectiva, divulgado hoje, o Ministério da Fazenda disse esperar uma apreciação adicional do dólar frente ao real como reflexo do aumento da aversão ao risco nos mercados internacionais.

Na avaliação do Ministério da Fazenda, o câmbio interrompeu sua trajetória de valorização após a introdução da alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para o capital externo, e do Banco Central com a ampliação das compras de dólares no mercado à vista a partir do primeiro trimestre deste ano.

BNDES

Mantega afirmou que o subsídio dado pelo Tesouro Nacional ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) nos financiamentos a taxas mais baixas que as de mercado é praticamente pago pelos dividendos devolvidos pelo banco de fomento aos cofres do governo. Além disso, destacou, esse gasto do governo também é recompensado pelo aumento da arrecadação.

“O BNDES é um banco lucrativo, com inadimplência baixa. Só os dividendos que ele nos paga praticamente pagam o subsídio dado a ele. Não sei por que uma meia dúzia que faz barulho está fazendo críticas, não sei se é dor de cotovelo”, disse o ministro. “E tudo que você gasta com esses subsídios você tem de volta, com IPI, PIS e Cofins. Então não há prejuízo, tudo volta sob forma de arrecadação”, afirmou.

Para Mantega, a concentração das concessões de empréstimos do BNDES para um grupo diminuto de grandes empresas é normal e não contraria a finalidade do banco de desenvolvimento. “O BNDES empresta para pequenas, médias e grandes empresas, mas é normal no mundo todo que as grandes empresas tenham mais volume de financiamentos”, afirmou.

Segundo ele, as empresas menores tomaram R$ 30 bilhões em recursos no banco em 2009. “Nos últimos meses, o BNDES financiou 400 mil projetos. É difícil que uma empresa saudável com um projeto sólido não consiga financiamento”, completou Mantega.

O ministro ainda afirmou que sem a ampliação da capacidade de crédito do BNDES em 2009, que chegou a R$ 100 bilhões, o PIB brasileiro teria sofrido uma queda entre 2,5% e 3% naquele ano. Em 2010, o BNDES recebeu um novo aporte de R$ 80 bilhões, via títulos do Tesouro. “Quando cai o PIB, cai a arrecadação, aumenta o desemprego, aumento o custo do salário-desemprego. Então evitamos esse prejuízo. Além disso, sem todas as medidas tomadas, a economia não estaria crescendo 6% ou 7% este ano, estaria crescendo 3%”, acrescentou.

Celg

Mantega afirmou que a liberação de R$ 3,7 bilhões em recursos do BNDES para a Companhia Energética de Goiás (Celg) não levou em consideração o ano eleitoral. O empréstimo, realizado por intermédio do governo do Estado de Goiás, foi anunciado ontem.

“Em ano eleitoral nós já liberamos crédito para São Paulo, Minas Gerais, todos os Estados. Não podemos sacrificar os Estados porque vai haver eleição. Se eles têm capacidade de obter crédito, eles terão crédito”, disse Mantega.

Segundo o ministro, a operação realizada via Caixa Econômica Federal está dentro dos limites impostos pela Lei de Responsabilidade Fiscal. “O Estado pode receber o empréstimo, mas a empresa não. Goiás tem um problema, essa dívida que a Celg carrega há muito tempo. É um beneficio para sanear as contas do Estado”, argumentou.

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