Mantega vê IPCA bem comportado nos próximos meses

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou hoje que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), índice oficial de inflação, ficará “bem comportado” nos próximos meses. Segundo ele, já se verifica uma queda da inflação dos alimentos desde maio, que eram os itens que mais pressionavam a inflação no começo do ano. “Queria avisar que a inflação está caindo”, ironizou. “Era choque de oferta, como eu dizia”, completou. Ele admitiu que alguns setores ainda revelam aquecimento de preços, como construção e serviços. Mas garantiu que nenhum deles está fora de controle. “A economia está tendo um crescimento sustentado. Não é exagerado”, disse.

Mantega salientou que a elevação dos preços no início do ano levou algumas pessoas a pensarem que o melhor seria segurar o crescimento da economia. “Mas vamos cumprir as metas dentro das margens”, disse, acrescentando que, em anos de economia mais aquecida, a inflação geralmente é maior. Ele reforçou, no entanto, que o IPCA não extrapolará as margens. O Conselho Monetário Nacional (CMN) determinou que o Banco Central buscasse esse ano uma inflação de 4,5% com dois pontos porcentuais para cima e para baixo.

Custos

O governo anunciará em breve um programa de acompanhamento de custos e gastos, segundo Mantega. “Os gastos precisam ser mais bem avaliados”, admitiu, durante discurso na reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), no Itamaraty. Mantega disse que, apesar do aumento de salário concedido ao funcionalismo público, não há descontrole. De acordo com ele, em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), os gastos estão iguais ou inferiores ao passado. “O gasto que mais subiu foi o de transferência de renda para a população”.

Ele lembrou que, por causa da crise, o governo aumentou seus gastos no ano passado, mas que, em 2010, já foi retomada a trajetória de estancamento de gastos do País. “Vamos crescer com as contas públicas controladas e cumpriremos a meta de superávit primário de 3,3% do PIB”, disse. O ministro voltou a dizer que o Brasil terá este ano um dos menores déficits fiscais entre os países que compõem o G-20 (grupo das 20 maiores economias do mundo). “A redução da dívida pública brasileira continuará em trajetória de queda. A situação fiscal confortável do Brasil é inegável”, disse.

Rating

O ministro da Fazenda defendeu também a criação de “alternativas” às empresas de classificação de risco (rating). “Temos de ver alternativas às empresas de rating que podem ser desenvolvidas pelo Fundo Monetário. Algum organismo respeitável que pode ter uma avaliação dos países e não só das empresas”, disse Mantega. Ele afirmou que as empresas de rating estão relacionadas com a crise econômica global iniciada em 2008, por, segundo ele, darem notas não condizentes com a real situação de empresas e países. “O Brasil, por exemplo, deveria ter um nota maior do que países que hoje têm duplo A (AA) ou triplo A (AAA). Há país do tipo A que não merecia nem o duplo B (BB).

Mantega afirmou ainda que o real já é a segunda moeda mais transacionada no mercado futuro e de opções em termos mundiais. “O real perde apenas para o dólar”, disse, acrescentando que “as pessoas estão fazendo mais operações em reais do que em euros por motivos óbvios”, afirmou. “Estamos à frente do iene, da libra e do euro como moeda de transação. O real é uma moeda que impõe respeito em nível internacional”.

Mantega voltou a dizer que o Brasil já está caminhando para um patamar de crescimento econômico “mais equilibrado e sustentável até o final do ano”. Ele reiterou que o País deve encerrar 2010 com crescimento do PIB de 6% a 6,5%. Mantega afirmou ainda que dados do varejo divulgados ontem pelo IBGE já mostram que em abril houve redução das compras. “E aqui estou respondendo àqueles que estavam dizendo que a economia brasileira estava excessivamente aquecida”. Em, em seguida, ele lembrou que o governo já retirou os estímulos fiscais implementados no auge da crise como a redução do IPI para automóveis.

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