Mantega rebate críticas da OCDE à expansão de gastos

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, rebateu as críticas da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) à expansão dos gastos públicos no Brasil. Ao lado do secretário-geral da OCDE, Angel Gurría, o ministro disse que não há problemas fiscais no Brasil e que a política anticíclica adotada para enfrentar a crise financeira é satisfatória.

Segundo o ministro, não se justifica a preocupação em relação à política fiscal. “Se você ouviu que estamos com problemas fiscais, não acredite nestes comentaristas”, disse Mantega para Gurría. O ministro recordou que quando assumiu o cargo em 2003 (na época, como ministro do Planejamento), foi chamado de “gastador”. Mas ao longo dos últimos anos, a economia produziu os melhores resultados fiscais e ainda conseguiu fazer uma poupança de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB), que está no Fundo Soberano do Brasil.

Mantega disse que a relação entre a dívida do setor público e o PIB continuará sendo de queda nos próximos anos. Na defesa das medidas adotadas pelo governo para enfrentar a crise, o ministro disse: “não gastamos tanto”. “Conseguimos resultados maiores com menos dinheiro”, completou. Ele lembrou que a China gastou US$ 580 bilhões nas medidas contra a crise e que, no Brasil, as desonerações tributárias foram de cerca de US$ 15 bilhões.

As outras medidas adotadas, ponderou o ministro, foram de caráter financeiro, em que o Estado empresta o dinheiro que, depois, será devolvido. Ele citou o empréstimo de R$ 100 bilhões do Tesouro ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Mantega ressaltou que os Estados Unidos gastaram mais de US$ 10 trilhões. Ele disse ainda que a política anticíclica brasileira não tem danos fiscais, como em outros países. O ministro lembrou que o governo também vai conseguir uma economia de 1% em 2009 nos encargos da dívida pública com a redução da taxa Selic (a taxa básica de juros da economia).

Mantega disse que o próprio Fundo Monetário Internacional (FMI) está prevendo déficit nominal do setor público no Brasil, em 2009, de apenas 1,9% e, em 2010, de 0,8%. O resultado, segundo o ministro, é melhor que os de Índia, China, EUA e todos os países europeus. O ministro comentou que o Brasil também será um dos primeiros a sair da crise, ao lado de China e Índia, e que nos próximos anos o País terá taxa de crescimento mais elevada que a média mundial.

Ele comemorou ainda o resultado das vendas no varejo em maio, que apontaram alta de 0,8% em relação a abril e uma previsão de expansão entre 4% e 5% até o final do ano. “É excelente. Temos essa reação”, afirmou.