Mantega: não há contradição em aporte ao BNDES

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, argumentou hoje que não há contradições entre o aporte de R$ 55 bilhões do Tesouro Nacional ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o corte de R$ 50 bilhões no Orçamento da União em 2011. “Uma coisa é gasto e a outra é financiamento de investimentos. Não estamos fazendo aquele corte tradicional que cortava tudo e fazia terra arrasada”, afirmou.

Segundo ele, ainda deve haver um novo repasse do Tesouro ao BNDES em 2012, mas em um patamar menor, “tendendo a zero”. Mantega também rechaçou qualquer ligação entre os recursos disponibilizados pelo banco de fomento e o aumento da inflação. “O BNDES não pressiona a inflação, uma vez que investimento permite maior oferta de produtos na economia. O problema inflacionário é do lado do consumo e não do investimento”, alegou.

Segundo Mantega, a transferência de recursos ao banco de fomento “faz todo o sentido”. Para ele, se o repasse fosse suprimido totalmente este ano, haveria queda nos investimentos, uma vez que o setor privado ainda não teria condições de assumir esses financiamentos de longo prazo.

“Estamos em uma fase de transição para que o setor privado possa arcar com uma fatia maior dos financiamentos de investimentos. A tendência é de que o mercado de debêntures e as outras medidas anunciadas no fim do ano possam propiciar a substituição do BNDES”, afirmou.

O ministro disse ainda que o momento agora é de combater a inflação. Ao ser questionado se não havia contradição na redução da previsão da taxa Selic média para 2011, incluída no relatório de avaliação trimestral do Orçamento, que caiu de 10,75% para 10,71% ao ano, Mantega respondeu: “Nós trabalhamos com projeção anual. Portanto, não devemos olhar o momento. Se nesse momento o BC está subindo os juros, quando a inflação passar a cair e, com redução de gastos e do ritmo de atividade da economia, abre-se a possibilidade de o Banco Central parar de crescer ou vir a reduzir a taxa (Selic)”, disse.

Para ele, ao longo do ano “muita coisa” pode ocorrer. “Agora é o momento de combater a inflação, mesmo que uma parte dela não dependa de nós, porque commodities a gente não influencia”, disse. Segundo Mantega, a projeção de taxa Selic média de 10,71% está em linha com o que o governo acredita que vai ocorrer ao longo do ano.

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