Liberado acesso de sindicalistas a agências

A greve dos bancários chegou hoje ao terceiro dia ainda sem perspectivas de negociações com os bancos. A categoria pede reajuste salarial de 11,77%. A adesão já atinge 22 estados, com participação de cerca de cem mil pessoas, de acordo com a Confederação Nacional dos Bancários (CNB), ligada à Central Única dos Trabalhadores (CUT). No Paraná, os sindicalistas prevêem que mais bancários integrem o movimento após o anúncio, ontem, de uma liminar concedida pela Justiça do Trabalho suspendendo o interdito proibitório que impedia a entrada dos sindicalistas nas agências bancárias.

?Tínhamos que ficar a cem metros de distância das agências. Agora podemos nos aproximar do local de trabalho e fazer o convencimento dos outros bancários?, comemorou o presidente da Federação dos Bancários no Paraná (Fetec-PR), Adilson Stuzata, que, por conta da decisão da Justiça, prevê que os cerca de oito mil bancários parados no Paraná ganhem reforços já a partir de segunda-feira. Ontem os grevistas ganharam força também no interior. ?Em Londrina, pelo menos mais 12 agências pararam, somando um total de 25 na região.? Em todo o Estado, funcionários de 90 agências estão de braços cruzados.

A Fetec-PR realizou ontem à noite assembléia para discutir as diretrizes da greve na próxima semana. Os resultados até agora são considerados positivos pelos sindicalistas paranaenses. Stuzata denuncia abusos por parte dos empregadores de forma a pressionar quem está trabalhando a não entrar para o movimento: ?Recebemos denúncia de que um banco chegou a ligar para a mãe de um funcionário que tinha aderido à greve para que o convencesse a não participar?.

O Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região também denunciou ontem à Delegacia Regional do Trabalho (DRT) que a agência Vila Hauer do banco HSBC manteve funcionários em cárcere privado desde quarta-feira, obrigando-os a pernoitar no local de trabalho. A DRT, que já vinha fazendo fiscalização no banco por denúncias anteriores envolvendo o uso de terceirizados e afastamento de funcionários por problemas de saúde, deslocou auditores fiscais do Trabalho para o local. A presidente do sindicato, Marisa Stédile, só conseguiu entrar na agência depois da chegada dos fiscais da DRT, sob proteção da liminar obtida na Justiça do Trabalho. ?Na hora em que entramos, à tarde, era difícil identificar situações irregulares, mas os auditores estão com relatórios em mãos e vão investigar o que está acontecendo?, disse Marisa, que vai encaminhar a denúncia à Organização Internacional do Trabalho (OIT).

Auto-atendimento

A pretensão dos grevistas, agora, é conseguir paralisação total nas agências, inclusive com o fechamento dos caixas eletrônicos de auto-atendimento. ?Os principais bancos do País lavraram em seis meses quase R$ 15 bilhões de reais. Há espaço para melhorar essa proposta de reajuste de 4%?, acredita Stuzata, afirmando que, apesar da disposição dos bancários em conversar com os banqueiros, até o momento não houve nova agenda de negociações.

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