Jovens agricultores cobram recursos

Um grupo de aproximadamente quatrocentos jovens agricultores familiares do Paraná participou ontem, em Curitiba, de uma mobilização em prol da liberação de recursos para implementação do Primeira Terra. O programa do governo federal prevê um crédito de R$ 60 mil para filhos de agricultores familiares adquirirem terras, sem juros, com rebate de 40%, 20 anos para parcelar os R$ 36 mil restantes e até cinco anos de carência. Atos públicos semelhantes ao da capital paranaense também foram realizados ontem em Florianópolis, Porto Alegre e Brasília, organizados pelo Coletivo de Jovens da Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar da Região Sul (Fetraf-Sul/CUT).

A entidade reivindica a liberação de R$ 240 milhões para a compra de terras nos três estados do Sul. “Esse valor beneficiaria 12 mil agricultores jovens nos próximos três anos”, destaca Maria Salete Efcher, coordenadora de políticas sociais da Fetraf. Levantamento da federação mostra que a demanda na Região Sul é superior a 15 mil jovens agricultores. Para o Paraná, o pedido é de R$ 80 milhões, montante suficiente para atender 4 mil filhos de agricultores familiares. “O programa já está debatido, há um compromisso do Ministério do Desenvolvimento Agrário na implementação, porém até agora não há recursos”, lamenta Maria Salete.

Na tentativa de agilizar a liberação dos recursos do Primeira Terra, os representantes da Fetraf participaram de audiências com o secretário estadual da Agricultura e Abastecimento, Orlando Pessuti, com o superintendente regional do Incra, Celso Lisboa, e na delegacia do Ministério da Fazenda. “O objetivo foi sensibilizar os governos estadual e federal sobre a importância da liberação de recursos”, ressalta Maria Salete. A Fetraf pediu uma contrapartida do Estado para implementação do programa e garantias de acompanhamento técnico dos agricultores e atividades de infra-estrutura para os jovens produzirem.

Segundo Maria Salete, Pessuti se comprometeu a conversar com os ministros da Fazenda e do Desenvolvimento Agrário e mostrou interesse em desenvolver o programa, fornecendo acompanhamento técnico e capacitação profissional. Uma nova reunião na Secretaria de Agricultura, para detalhar essas propostas, ficou marcada para a primeira quinzena de dezembro.

Políticas específicas

“Junto com o Primeira Terra, a juventude rural necessita de políticas de qualificação profissional, assistência técnica, acesso ao crédito, seguro-renda, entre outras ações, que significam terra e condições para produzir”, afirma Severine Macedo, coordenadora da mobilização. A juventude da agricultura familiar representa, na região Sul, 27% da população que vive no meio rural. Em números absolutos, são 1.175.092 pessoas com idade entre 15 e 29 anos.

Para o Coletivo de Jovens da Fetraf-Sul/CUT, as políticas de incentivo à permanência da juventude na atividade rural são necessárias para conter o crescimento do êxodo do campo. Propostas de programas e políticas voltadas para a juventude rural foram elaboradas e debatidas pela organização da agricultura familiar em diversos seminários microrregionais e em encontros da juventude rural.

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