Indústria cresce 4,3% em Setembro e sai da recessão

A indústria brasileira fechou o terceiro trimestre do ano deixando para trás a recessão apontada no final dos seis primeiros meses de governo Lula. O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou ontem os dados da produção industrial do país no mês de setembro, que apresentou a maior taxa do ano (4,3%), na comparação com o mês anterior. Com isso, o setor sai do vermelho no acumulado deste ano – alta de 0,1% – e completa três meses seguidos de crescimento – 0,9% em julho e 1,5% em agosto. Nesses três meses a produção cresceu 6,9%, na comparação com o nível de junho.

Esse resultado positivo fez com que a indústria apresentasse uma recuperação de 1,8% no terceiro trimestre deste ano, considerando os três meses anteriores (abril-junho), o que tirou o setor da recessão “técnica” apontada pelo IBGE há três meses. Em relação ao mesmo trimestre de 2002 a produção cresceu 0,2%.

No final de junho, a indústria registrava dois trimestres seguidos de queda na produção na comparação com o período anterior, o que configura recessão.

Nos dois primeiros trimestre do ano, a produção caiu 1% e 2,6%, respectivamente – o IBGE sempre faz a comparação com o trimestre imediatamente anterior. Essas duas quedas consecutivas configuravam recessão. Mas agora, houve uma recuperação de 1,8% entre o final de junho e de setembro.

Além disso, houve um crescimento de 4,2% em relação a setembro do ano passado, o que quebrou uma sequência de cinco meses de quedas consecutivas nesse tipo de comparação.

Destaques

Segundo o IBGE, a indústria também saiu do vermelho no resultado acumulado do ano, que passou de uma queda de 0,5% até agosto para uma alta de 0,1% até setembro (praticamente estável). No acumulado dos últimos 12 meses, a produção registra uma alta de 1,6%. No acumulado janeiro-setembro a indústria extrativa mineral cresceu 2,1% e a indústria de transformação caiu 0,2%.

Em setembro, dos 20 setores industriais pesquisados, 16 apresentaram crescimento de produção. Entre os destaques estão mobiliário (14,5%), material elétrico e de comunicações (13,9%) e farmacêutica (10,7%).

Copom

Na última ata do Copom (Comitê de Política Monetária, do Banco Central), divulgada na semana passada, a diretoria do BC avalia que a retomada na produção industrial deverá se consolidar nos próximos meses.

Para o BC, as perspectivas favoráveis para a recuperação das vendas reais do comércio, a queda da inadimplência, a recuperação da massa salarial real e a tendência de aumento do crédito para empresas e consumidores vão impulsionar a indústria.

De acordo com o documento, o impacto das reduções nas taxas de juros no período sobre a atividade econômica estão “começando a se materializar”.

Mantega fala em retomada da economia

O ministro do Planejamento, Guido Mantega, afirmou ontem que o crescimento registrado pela indústria em setembro sinaliza a retomada da atividade econômica. Segundo ele, o PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas do país), deve crescer 3% no quarto trimestre. “É importante (a retomada da atividade na indústria) porque o setor industrial é o termômetro mais sensível quanto ao aquecimento da economia”, disse Mantega, que está no México.

O movimento da indústria, segundo Mantega, era esperado. “Já esperávamos no segundo semestre uma reação. Diria até que demorou (a reação)”, disse.

A previsão do ministro é de que, no último trimestre deste ano, o PIB (Produto Interno Bruto) apresente crescimento de 3%, em relação ao mesmo período de 2002. “Isso favorece o crescimento de 2004”, disse.

Apesar dos movimentos favoráveis, Mantega disse que o governo não vai simplesmente comemorar e ver se de fato o crescimento acontece, mas sim tomar as medidas para viabilizar o crescimento sustentado. Segundo o ministro, a política industrial deve ser anunciada ainda neste ano e faz parte do conjunto de medidas que devem estimular a retomada do nível de atividade econômica.

“O país pode crescer além dos 3,5% do PIB em 2004, apesar de ser prematuro ainda [elevar essa previsão]. Mas, pelo andar da carruagem, é possível que o crescimento de 2004 seja superior ao previsto”, afirmou.

Segundo o ministro, a retomada em setembro aconteceu na maior parte dos setores industriais e, por isso, o “crescimento é difuso”. Apesar do efeito sazonal, em razão da proximidade das festas de final de ano, o que estimula o consumo, Mantega disse que há sinais de retomada dos investimentos. Segundo ele, a reação não ficou concentrada apenas no setor de bens duráveis e semiduráveis, mas também no setor de bens de capital, o que reforça a idéia de que há retorno dos investimentos.

Mantega está no México, onde participa do 5.º Fórum Internacional sobre Gestão Pública, promovido pela ONU (Organização das Nações Unidas).

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