HSBC e ABN venderam os títulos brasileiros

Londres (AE) – O banco HSBC, em nota para clientes, recomendou ontem a venda de um volume de títulos soberanos brasileiros BR 2014, além de bônus colombianos e filipinos. Com essa decisão, a exposição do portfólio do banco ao Brasil ficou numa posição ?neutra?. Os estrategistas do HSBC explicaram que redução da exposição aos três países é motivada mais pela necessidade de levantar dinheiro – ?diante da nossa avaliação de crescentes vulnerabilidades do mercado? – do que uma análise específica sobre seus riscos. Mas o banco observa que a questão política também teve um impacto na decisão.

Já o fundo para títulos de países emergentes do banco ABN Amro zerou recentemente sua exposição aos títulos soberanos brasileiros por causa da crise política no País. O gerente de fundo emergente do ABN Amro Asset Management, Raphael Kassin, afirma que a decisão foi tomada porque os riscos advindos da crise não podem ser menosprezados.

?Não se trata de uma situação que consideramos crítica, radical, mas o quadro é extremamente incerto, mais e mais pessoas são envolvidas diariamente no escândalo?, disse Kassin. ?Me parece um quadro muito parecido com o de 2002, quando todo mundo falava que os mercados não ficariam muito nervosos com a eleição presidencial, que o país estava blindado, e deu no que deu.?

Em outubro, o fundo gerenciado por Kassin detinha cerca de US$ 275 milhões de bônus brasileiros. Logo após o surgimento das denúncias dos Correios, há cerca de cinco semanas, ele decidiu vender todos os papéis do País, embora não possa revelar a quantia. ?Foi uma soma razoável?, disse.

Tudo ou nada

Kassin explicou que os fundos sob sua gestão têm o ?retorno total? como objetivo, diferindo do estilo de investimentos de outras instituições. ?Se achamos que um país está com perspectivas muito boas, adotamos um forte overweight (exposição acima da média do mercado)?, afirmou. Como exemplo, ele informou que neste ano já manteve uma posição overweight de 30% em relação ao Brasil. ?Mas quando vemos que as perspectivas são ruins, zeramos mesmo. É tudo ou nada.?

Kassin salientou que ?não tem uma bola de cristal? para saber como será o comportamento dos ativos brasileiros diante da crise. ?Mas avaliamos que os preços atuais dos ativos refletem uma situação de que não há crise, ou seja, se ela se agravar eles vão ser prejudicados?, disse. ?Trabalhamos com dois cenários. No primeiro, Lula e outros membros do governo e do PT esclarecem as denúncias, acalmam a situação e temos um retorno à normalidade. No outro, a crise continua se agravando, com mais gente envolvida.?

Segundo o estrategista, a crise brasileira representa hoje um dos principais focos de preocupação para os investidores expostos aos países emergentes. ?Mas, se houver um agravamento da situação, acho que ela será específica, não contagiando de uma forma séria outros grandes países dessa categoria?, disse.

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