Fusões e aquisições vão crescer este ano

As fusões e aquisições de empresas no país, depois de registrarem em 2002 o segundo ano consecutivo de retração, devem voltar a crescer em 2003. Segundo Raul Beer, sócio-diretor da PricewaterhouseCoopers, as incertezas eleitorais e a instabilidade do câmbio adiaram investimentos e, agora, a tendência é de retomada.

Beer diz que, com as primeiras declarações da equipe econômica do presidente Luiz Inácio Lula da Silva – reafirmando o respeito aos contratos, o controle da inflação e o esforço fiscal -, a tendência é de o investidor estrangeiro voltar ao Brasil. Para o executivo, a confirmação do cenário de estabilidade no início do novo governo fará com que, em três a quatro meses, não haja motivos para represar investimentos no País.

– O País é interessante e o novo governo vem dando sinais de que manterá uma política econômica coerente. A não ser que haja uma virada total, em 2003 haverá crescimento de negócios com a volta do investimento estrangeiro. E o Brasil vai voltar a andar – diz Beer.

De janeiro a novembro de 2002, mesmo com uma base de comparação fraca como a de 2001 – afetado pelo racionamento de energia e por crises externas -, o total de fusões e aquisições no país foi de apenas 371. A queda chegou a 28% em relação ao ano anterior e a 35% sobre 2000, segundo pesquisa da PricewaterhouseCoopers. Beer diz que os dados de dezembro, embora ainda não fechados, confirmam a tendência e vão mostrar um balanço negativo no ano.

Além da disparada do dólar e do “risco político” do País, o esfriamento da economia dos EUA e os escândalos e quebradeiras envolvendo companhias americanas ajudaram a encolher as fusões e aquisições de empresas no Brasil. Outro motivo foi o agravamento da crise na Argentina. Com isso, a participação estrangeira nos negócios caiu de 47% em 2001 para 36% este ano.

Entre os cinco principais setores analisados, todos amargaram resultados negativos – exceto o de alimentos, que cresceu só 3% em número de aquisições e fusões. Tiveram quedas serviços públicos (47%), mineração (25%), informática (55%) e bancos e estabelecimentos financeiros (9%).

No próximo ano, três setores devem puxar os negócios. Segundo Beer, as exportadoras, incluindo as de alimentos, vestuário, calçados e bebidas, ficaram mais atraentes com o câmbio favorável. O diretor diz que também devem atrair os investidores os setores que passaram por reestruturação, como telefonia, energia, transportes e as de mídia e comunicação. Estas estimuladas pela legislação que permite a participação de capital externo.

– Devemos recuperar o tempo perdido. E a economia deve ser oxigenada com investimentos – diz Beer.

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