Falta qualificação para o trabalhador dos estados do Sul

Cerca de 26 mil vagas de emprego no mercado formal podem deixar de ser ocupadas nos Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, este ano, por falta de qualificação e experiência profissional dos candidatos. É o que aponta a pesquisa ?Demanda e perfil dos trabalhadores formais no Brasil em 2007?, elaborada e divulgada ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Segundo o levantamento, a região Sul só perde para o do Norte quando o assunto é falta de qualificação. Lá, a estimativa é de um déficit de 29 mil trabalhadores.  

No Sul, a oferta de mão-de-obra qualificada e com experiência profissional estimada para este ano é de 227.817 pessoas, enquanto a demanda é de 254.152 – ou seja, há um déficit de 26.335 trabalhadores. Conforme a pesquisa, o comércio varejista/atacadista e os serviços de reparação de produtos são os que registram a maior demanda de trabalhadores qualificados e com experiência profissional: cerca de 21,5 mil pessoas. Em seguida, aparece a indústria de produtos minerais metálicos (déficit de 9,1 mil trabalhadores) e os serviços de educação, saúde, assistência social, lazer, serviços pessoais e domésticos (déficit de 8 mil). Por outro lado, a construção civil é o setor que apresenta maior excedente de força de trabalho (cerca de 15,6 mil trabalhadores), seguida pela agropecuária e extrativismo vegetal/animal (12,9 mil trabalhadores) e indústria de produtos de madeira e produtos imobiliários (8,1 mil).

Brasil

Em nível nacional, o que se percebe é que o cenário é o oposto ao da região Sul: ao invés de faltar trabalhadores qualificados e com experiência profissional, sobra mão-de-obra nessas condições. A estimativa do Ipea é que, este ano, cerca de 84 mil trabalhadores com qualificação e experiência fiquem fora do mercado formal. O Nordeste e o Sudeste são os responsáveis por essa situação. No Sudeste, a previsão é que sobrem 17.868 trabalhadores qualificados e com experiência, enquanto no Nordeste este número pode chegar a 135 mil.

A pesquisa aponta ainda que, em nível nacional, três segmentos da indústria de transformação – química e petroquímica, produtos de transporte e mecânicos – têm, juntos, mais de 70 mil vagas à espera de profissionais qualificados.

A indústria química é a que mais tem problemas. Segundo o estudo, sobram 25,3 mil vagas nesse segmento. Na média, cada um desses empregos tem salário de R$ 1.574,84. Outros segmentos que enfrentam falta de trabalhadores qualificados são a indústria de produtos de transporte (25,9 mil) e produtos mecânicos (21,4 mil). Nesses ramos, a remuneração média é de R$ 1.473,35 e R$ 1.225,51, respectivamente. Ao todo, segundo a pesquisa, a indústria de transformação tem 116.594 postos à espera de trabalhadores qualificados.

Por outro lado, a construção civil e a agropecuária são os ramos que mais têm sobra de mão-de-obra qualificada. Isso quer dizer que os trabalhadores qualificados e com experiência desses setores são os que mais sofrem com o desemprego. Juntos, os ramos têm mais de 152 mil desempregados com qualificação.

Na construção, que tem registrado forte recuperação nos últimos meses, existem 76,1 mil pessoas qualificadas que provavelmente ficarão sem emprego. Na agropecuária e no extrativismo vegetal e animal são outros 75,8 mil trabalhadores sem ocupação. Entre os demais segmentos, o de serviços tem 55,3 mil vagas sem candidatos qualificados para ocupá-las e no comércio há sobra de 6.750 postos.

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